Após a derrota na final da Taça de Honra frente ao Sporting, Jorge Jesus deu o primeiro sinal de insatisfação pública em relação ao plantel que lhe colocaram à disposição, ao referir que o trabalho não é suficiente se não houver jogadores de qualidade.
Praticamente duas semanas mais tarde, no lançamento da Emirates Cup, Jesus referiu que a equipa que o Benfica apresentaria no torneio já se aproximaria daquela que os adeptos poderiam esperar para o resto da época. Apesar de poder ser interpretada como uma demonstração de confiança na sua equipa, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi que o treinador já esperaria de certa forma uma má participação, tendo dito essas palavras de forma pouco inocente.
Duvido no entanto que Jesus esperasse que a sua equipa fosse perder de forma tão elucidativa.
As desculpas para o resultado com o Arsenal acabaram por girar à volta de duas questões principais: a ausência de determinados jogadores por lesão ou por atraso na preparação (Luisão, Jardel e Enzo) e o facto de muitos dos jogadores estarem a passar por um período de enorme carga de jogos (Sion na quarta, Bilbao na quinta, Arsenal no sábado).
Ambas as situações já eram do conhecimento de Jesus no momento em que fez as tais declarações no lançamento do torneio. Pior, poderia ter gerido melhor os jogadores nas partidas com o Sion e Bilbao de forma a ter os seus melhores elementos em condições físicas mais favoráveis na Emirates Cup, onde já sabia que iria encontrar adversários bem mais poderosos. No entanto, Jesus optou por não o fazer. Quase que dá a ideia que Jesus planeava perder os jogos para pressionar a direção a dar-lhe os jogadores com um perfil bem diferente dos que recebeu até agora.
E finalmente, para completar o ramalhete, Jesus disse após o jogo com o Valência, em jeito de brincadeira (?), que se sair mais algum jogador então ele também sai.
Ninguém podia adivinhar que três meses depois da conquista das três competições nacionais, o Benfica acabaria por estar numa situação de pré-rotura, ainda antes da época oficial ter arrancado. É irónico que Jesus, que deu negas a Valência e Milan por serem equipas num momento inferior ao do Benfica, se veja agora na iminência de ter um grupo de trabalho de tal forma desfalcado que o coloca uns bons furos abaixo daquilo que esses clubes lhe poderiam ter proporcionado. Considero Jesus um grande treinador, mas não será nada fácil pôr manéis a jogar a grande nível sem o acompanhamento de um enorme número de não-manéis.
Ninguém podia adivinhar que três meses depois da conquista das três competições nacionais, o Benfica acabaria por estar numa situação de pré-rotura, ainda antes da época oficial ter arrancado. É irónico que Jesus, que deu negas a Valência e Milan por serem equipas num momento inferior ao do Benfica, se veja agora na iminência de ter um grupo de trabalho de tal forma desfalcado que o coloca uns bons furos abaixo daquilo que esses clubes lhe poderiam ter proporcionado. Considero Jesus um grande treinador, mas não será nada fácil pôr manéis a jogar a grande nível sem o acompanhamento de um enorme número de não-manéis.
Quanto a Vieira, não obstante esta insatisfação pública do treinador e dos sinais de pânico dos adeptos, faz lembrar um monge da ordem de Císter a cumprir um rigoroso voto de silêncio. O clube muda repentinamente de rumo, desmantelando sem pré-aviso o plantel, incluindo a rídicula venda de Garay e a humilhante deserção de Oblak, reforçando o clube seguindo uma política de contratações caótica, e não lhe ocorre dar uma explicação que seja aos sócios.
Alguém devia dizer a Vieira que dar a cara nos momentos maus não é ter a sua foto a aparecer constantemente no canto inferior direito nos jogos da pré-época transmitidos pela Benfica TV.