terça-feira, 30 de setembro de 2014

Nada a perder, tudo a ganhar

                                                                                                                                   
Antes de escrever sobre o embate de logo, deixem-me começar por saudar o regresso destes jogos a Alvalade. Foi uma espera demasiado longa, completamente desfasada da grandeza e da história do Sporting Clube de Portugal. É bom podermos voltar a receber em nossa casa outros grandes emblemas europeus.

À entrada para um jogo contra um adversário como o Chelsea, é impossível ignorar a diferença de meios que existe entre os dois clubes. Quem tem jogadores como Fabregas, Hazard, Schurrle, Óscar, Willian ou Diego Costa será sempre uma ameaça para qualquer equipa. Para piorar, Mourinho certamente que estará muito bem informado das nossas forças e fraquezas, pelo que na minha opinião o Sporting terá definitivamente que fazer alguns ajustes em relação ao jogo com o Porto. 

Em primeiro lugar, parece-me que terá que haver maior apoio aos laterais do que na sexta-feira passada. Jonathan Silva deu boas indicações em tarefas defensivas, mas não pôde fazer nada em situações de 2 contra 1 sem qualquer colega nas imediações para o ajudar. Nani não é o jogador mais adequado para este tipo de tarefa, que será particularmente recorrente com o adversário de logo. Talvez fizesse sentido apresentar um onze bastante mais cauteloso:


Não é vergonha nenhuma alinharmos de uma forma mais conservadora. Se entrarmos em campo para jogarmos olhos nos olhos, estaremos provavelmente a facilitar a vida ao Chelsea. É que nem o Chelsea é o Porto nem, seguramente, Mourinho é Lopetegui. Aliás, no banco adversário estará sentado um treinador que nunca teve quaisquer problemas de consciência em estacionar o autocarro quando a situação o justificava.

Não estou a dizer que o Sporting deva acampar junto à baliza durante todo o jogo. Não temos jogadores suficientemente consistentes para manter a frieza necessária quando a bola ronda a nossa área, mas parece-me sensato um trio de carraças que esteja preparado para lutar por cada metro de terreno no meio-campo e disponível para ajudar os colegas mais recuados. João Mário, Adrien e André Martins parecem-me os mais indicados para esta função, com a característica adicional de terem os três uma boa capacidade de passe para lançarem rapidamente o contra-ataque no momento da recuperação de bola.

Carrillo seria a arma a lançar na segunda parte, quando o desgaste já for superior. Slimani é importante para prender os centrais adversários e moer-lhes o juízo e as pernas, para além de ser uma mais-valia nas bolas paradas ofensivas e defensivas.

Vai ser um jogo complicadíssimo? Claro que sim, provavelmente o mais complicado nos últimos anos - provavelmente desde que jogámos com o Manchester City. Mas a história da competição tem exemplos suficientes de clubes com menos meios a conseguirem bater o pé aos tubarões. Aliás, como nós fomos capazes de o fazer contra os bilionários do City, que foram a jogo com Aguero, Dzeko, Silva, Balotelli, Nasri e Yaya Touré.

Concerteza que muito daquilo que o Sporting conseguirá fazer logo dependerá do espírito com que o Chelsea encare a partida. A meu ver, não poderemos contar com facilidades: os ingleses concederam um empate inesperado em casa na 1ª jornada e não vão querer arriscar mais pontos. De qualquer forma, cabe-nos a nós dificultar-lhes a tarefa. Saibamos estar à altura da ocasião e desfrutar da oportunidade de jogar contra os melhores do mundo, tendo consciência que a responsabilidade da vitória estará toda do outro lado, que não temos nada a perder, e tudo a ganhar.