Costuma-se dizer que não existem derrotas boas, mas a verdade é que, apesar de termos perdido, senti que o jogo que realizámos hoje é daqueles que faz crescer uma equipa jovem como a nossa.
A primeira parte foi para esquecer: a maioria dos jogadores pareceu acusar a pressão de estar em campo contra grandes nomes do futebol europeu, e o Sporting nunca conseguiu estabilizar o seu jogo ou controlar o adversário. O Chelsea dominou completamente a partida desde os primeiros minutos, e dispôs de oportunidades suficiente para matar o jogo. Apesar da muita qualidade do futebol do Chelsea, é irónico que o golo não tenha sido fruto do talento das estrelas em campo, mas mais de ratice - aproveitando a ingenuidade de toda a defesa do Sporting, apanhada a dormir enquanto os ingleses marcavam o livre sem esperar pelo apito do árbitro.
No entanto, alguma coisa deve ter acontecido no balneário ao intervalo, porque os jogadores subiram ao relvado com uma mentalidade completamente diferente, querendo demonstrar que a primeira parte tinha sido um enorme equívoco. Os jogadores encheram-se de brio, entregaram-se de alma e coração à tentativa (bem sucedida) de pegar no jogo. O Chelsea continuou a ser uma equipa perigosíssima no contra-ataque, procurando explorar as nossas fraquezas, mas o Sporting conseguiu finalmente aproximar-se da baliza adversária com frequência e dispôr de algumas ocasiões de golo.
Diga-se que não coloco em causa a justiça da vitória do Chelsea (é preciso termos consciência da quantidade de oportunidades flagrantes que não concretizaram), mas fiquei muito satisfeito com o carácter demonstrado pelo Sporting: sabendo cerrar os dentes, sofrer e aguentar o resultado em aberto nos momentos mais difíceis, e acreditando depois que seria possível conseguir bater o pé a uma equipa recheada de estrelas do futebol mundial.
Positivo
Super Patrício - foi, simplesmente, uma das mais extraordinárias exibições de um guarda-redes que já assisti ao vivo. Pode parecer estranho, mas nas várias situações em que os jogadores do Chelsea arrancavam isolados para a baliza, sentia uma serenidade como se soubesse que aquele super-herói que estava na baliza seria capaz de travar tudo o que lhe aparecia pela frente. Imperial.
A personalidade demonstrada na 2ª parte - os onze jogadores que regressaram dos balneários após o intervalo eram os mesmos que estiveram em campo nos primeiros 45 minutos, mas a postura que tiveram foi completamente diferente. O Sporting entrou com vontade de discutir o jogo com o adversário, a bola deixou de queimar, o coletivo começou a funcionar e, como consequência, as oportunidades de golo começaram a aparecer. Nani foi quem ficou mais perto de marcar, primeiro ao aparecer isolado pela esquerda mas rematando à malha lateral, e depois tentando fazer uma fotocópia do golo que marcou ao Maribor. Mas também houve muito mais Carrillo, João Mário, Adrien, Cédric e William.
O ambiente no estádio - um vulcão do 1º ao último minuto, nunca poupando apoio à equipa. Não é que seja novidade, mas perante o nível superior do adversário os 40.000 que estiveram em Alvalade souberam responder em conformidade. Quem não pôde estar presente não sabe o que perdeu.
Paulo Oliveira e Montero - os dois jogadores entraram muito bem em jogo. Montero entrou com uma garra que não lhe via há bastante tempo, e Oliveira esteve muito seguro. O que fizeram justifica que Marco Silva lhes dê mais minutos em breve.
Negativo
Primeira parte apática - suponho que tenha havido algum deslumbramento de alguns dos nossos jogadores ao verem-se frente a frente com uma das maiores equipas europeias, pois só assim se explica a falta de capacidade geral demonstrada durante os primeiros 45 minutos. Uma única oportunidade de golo, através de um cabeceamento frouxo de Slimani (que estava em boa posição) é muito pouco, mesmo considerando que era o Chelsea que estava do outro lado.
O golo do Chelsea - foi o momento em que mais se sentiu a inexperiência da equipa. Não houve ninguém que ficasse perto da bola para impedir a marcação rápida do livre. O Chelsea aproveitou a distração de meia equipa do Sporting e marcou o golo que lhes valeria os três pontos.
Perder com este Chelsea não é um resultado catastrófico. Nem sequer desmoralizador (pelo contrário!), dada a boa resposta da equipa na segunda parte. O inesperado empate do Schalke com o Maribor acaba por fazer com que o 2º lugar esteja bem ao nosso alcance. Segue-se uma jornada dupla com os alemães que muito provavelmente definirá, para o bem ou para o mal, o nosso destino na Liga dos Campeões.