No Dia Seguinte da passada 2ª feira houve três momentos particularmente interessantes. O primeiro foi protagonizado por Guilherme Aguiar que expôs o propósito da aliança supostamente contranatura de Porto e Benfica em torno da figura de Luís Duque.
Um pouco mais tarde, Rogério Alves dissertou sobre de que forma a definição da nova estrutura dirigente da Liga por Porto e Benfica poderá traduzir-se em efeitos práticos quando a bola está rolar dentro do relvado - apesar de ser um organismo esvaziado de poder, que foi transitando gradualmente para FPF ao longo dos último anos.
Um pouco mais tarde, Rogério Alves dissertou sobre de que forma a definição da nova estrutura dirigente da Liga por Porto e Benfica poderá traduzir-se em efeitos práticos quando a bola está rolar dentro do relvado - apesar de ser um organismo esvaziado de poder, que foi transitando gradualmente para FPF ao longo dos último anos.
Em primeiro lugar, um comentário às declarações de Guilherme Aguiar. Não é novidade que parte do objetivo da bipolarização do futebol português é garantir uma fatia de receitas superior para Benfica e Porto num mercado publicitário que tem vindo a encolher nos últimos anos. O que não é tão comum é ouvir esta admissão da boca de um dos representantes do Porto mais alinhado com a direção do clube. Como é evidente, esta admissão não é inocente: é apenas uma forma de tentar convencer os sócios e adeptos benfiquistas de que terão muito a ganhar com esta aliança.
Na realidade, os benefícios não se ficam apenas pelas receitas publicitárias. Na minha opinião, o verdadeiro prémio está noutros dois campos de batalha:
- As receitas dos direitos televisivos, que num cenário de centralização causará uma batalha feroz pela fatia que caberá a cada clube;
- O apuramento direto para a Liga dos Campeões, que com o ressurgimento do Sporting passou a ser um jogo de cadeiras com 3 participantes e em que apenas 2 encontram assento.
Fazer passar a ideia que não existe espaço para 3 grandes no país é também estar tacitamente a passar a ideia a agentes do futebol e patrocinadores que só vale a pena "estar" com dois deles. O tal fascínio pelo poder é algo real que tanto afeta conscientemente gente com menos escrúpulos como, inconscientemente, pessoas bem intencionadas que conhecem a podridão que os rodeia. Se assim não fosse, como se explicaria o facto de haver sempre tantos clubes a reboque do Porto apesar de tudo o que se sabe dos seus dirigentes?
No fundo, esta aliança é um casamento de conveniência entre dois clubes que preferem olhar para o saque adicional que poderão alcançar, do que para tudo aquilo que os separa. Pinto da Costa sabe que é fundamental para o Porto não ficar isolado na luta de poder entre os três grandes. Uma reconciliação com o Sporting é impossível, pelo que resta virar-se para o Benfica. No entanto, aquilo que poderia ser algo impensável face à inimizade declarada entre Benfica e Porto acaba não ser assim tão complicado, pois o facto de terem dois presidentes que são almas gémeas e farinha do mesmo saco é um enorme facilitador.
Esta analogia que Paulo Garcia fez não é de facto nada má. A imagem do sorriso de Guilherme Aguiar vale muito mais do que mil palavras...