O Sporting anunciou ontem em comunicado que decidiu apresentar um protesto à UEFA pelo erro de arbitragem que ditou a nossa derrota na Alemanha. Hoje, através do Schalke, ficou a saber-se que o Sporting solicitou a repetição do jogo ou, em alternativa, a atribuição do prémio de €500.000 correspondente ao empate.
Convenhamos: as probabilidades deste protesto poder ter sucesso são infinitesimais. Só não digo que é uma missão impossível porque até admito que exista 0,001% de hipóteses de os dirigentes do Schalke terem um ataque fulminante de desportivismo e darem razão ao Sporting - mas no que depender da UEFA este processo estará certamente morto à nascença.
Até compreendo a política da UEFA em seguir o dogma de que as decisões dos árbitros durante uma partida são soberanas. Alterar o resultado ou mandar repetir um jogo por causa de um erro de arbitragem - por mais escandaloso que seja - seria abrir uma caixa de pandora cujos efeitos seriam impossíveis de prever. Que tipo de erros justificariam a repetição de um jogo? Onde se estabeleceriam as fronteiras para aqueles que não dariam direito a repetição?
Pode ser que a questão da aplicação da tecnologia no futebol seja reavivada por este acontecimento. A UEFA e a FIFA têm de facto muita margem para facilitar a vida aos árbitros e tornar o jogo muito mais transparente - bastando, por exemplo, olhar para o que se faz no rugby.
Há poucas semanas houve uma agressão durante a final da Rugby League (em Inglaterra) que foi resultou na expulsão do jogador que a cometeu. Todo o processo de decisão foi tomado da forma mais clara possível: os árbitros e o público assistiram em simultâneo às repetições nos ecrãs gigantes do estádio, e a conversa entre os árbitros foi transmitida em direto para que todos soubessem o que estava a ser decidido.
Vejam o vídeo, e reparem no clamor do público no momento em que a repetição mostra a dupla agressão pela primeira vez.
Não chego ao ponto de querer que no futebol os lances fossem passados em tempo real para todo o estádio - o acesso às imagens por parte de um elemento da equipa de arbitragem seria mais que suficiente -, mas é absurdo que na época em que vivemos não se tire mais proveito da tecnologia para ajudar os árbitros de futebol a tomarem as decisões certas.
De qualquer forma fez bem o Sporting em fazer um protesto formal de forma discreta. Não só porque o que aconteceu foi demasiado grave para que o clube não reagisse, mas também porque indiretamente acabou por dar uma maior visibilidade ao erro cometido pelo árbitro russo.