segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

É isto que nós queremos

Não tendo sido uma exibição de encher o olho, não deverá haver nenhum sportinguista minimamente colado à realidade que não tenha ficado satisfeito com a prestação dos nossos rapazes na noite de ontem. Todos gostamos que a equipa pratique um futebol vistoso do princípio ao fim das partidas, mas seria utópico pensar que isso poderia acontecer perante o nível exibicional recente da equipa, o turbilhão que entretanto se montou e um adversário reconhecidamente rijo (no bom e no mau sentido da palavra). O Sporting cerrou os dentes, foi à luta desde o apito inicial, soube sofrer para impôr o seu jogo e soube sofrer (sendo inteligente) quando se viu em desvantagem numérica para segurar o resultado, merecendo inteiramente o desfecho final. As vitórias ficam sempre bem mais perto quando não poupamos esforços para as alcançar.



Positivo

  • Atitude desde o apito inicial - as críticas apontadas à equipa ao longo da última semana tiveram uma resposta à altura por parte dos jogadores que entraram em campo na Choupana. Desta vez é indiscutível que tivemos equipa do princípio ao fim. O esclarecimento não foi o melhor nos primeiros trinta minutos, mas gradualmente os jogadores conseguiram perceber a melhor forma de ultrapassar o Nacional, e as oportunidades começaram a aparecer. A segunda parte foi de uma superioridade completa até à expulsão de Adrien, muito graças à agressividade demonstrada ao pressionar as saídas de bola do Nacional, que poucas vezes conseguiu chegar à nossa área - e quando o fez não criou perigo. A jogar com 10, a equipa manteve-se solidária e combativa. É isto que queremos. Sempre que o fizerem, as vitórias terão tendência para aparecer com bastante mais frequência, mesmo em dias de menor inspiração artística.´
  • Os últimos dez minutos de Carrillo - numa altura em que se impunha quebrar o ritmo do Nacional e deixar os minutos passar, o peruano foi extraordinariamente inteligente e soube queimar preciosos minutos encostado à linha e a esconder a bola dos dois ou três adversários que tinha nas costas. Um sinal inequívoco de maturidade de um jogador que mais uma vez demonstrou ser o nosso principal desequilibrador - ficaram na retina o passe para um remate de Slimani que saiu muito próximo do poste, e um remate para grande defesa de Gottardi.
  • Slimani todo-o-terreno - não marcando (e desperdiçando à boca da baliza uma inesperada oportunidade surgida de um ressalto de bola num jogador do Nacional) conseguiu fazer um grande jogo. Extremamente combativo, nunca desistindo de uma bola e sabendo segurar a bola à espera que os companheiros se aproximassem. Ah, e foi dele o remate que deu origem à defesa incompleta de Gottardi que Mané aproveitaria para fazer o golo da vitória.
  • O capitão a dar o exemplo - Rui Patrício teve pouco trabalho mas conseguiu duas defesas de grande nível: uma na primeira parte, num remate cruzado rasteiro que desviou com a ponta dos dedos, e perto do fim com uma saída temerária a evitar o remate de um adversário que apareceu isolado na sua cara. Nesta última deve ter ganho umas belas marcas, já que foi atingido com muita dureza pelo avançado do Nacional. Para Duarte Gomes foi tudo normal, e o jogo lá prosseguiu com o nosso guarda-redes a contorcer-se no chão. Ressentimentos antigos?

Negativo
  • Não aproveitar o contra-ataque para matar o jogo - dispusemos de várias situações de contra-ataque geradas pelo adiantamento do Nacional à procura do golo do empate e de recuperações de bola com pronto lançamento para os homens mais adiantados. Infelizmente, o aproveitamento dessas situações ficou muito abaixo daquilo que seria desejável. Podíamos ter arrumado com o jogo mas não o fizemos, ficando depois sujeitos a eventuais incidências que nos fossem desfavoráveis. E daí chegamos à...
  • Expulsão de Adrien - se um Rui Oliveira e Costa sóbrio decidisse fazer uma sondagem aos sportinguistas sobre se achavam que Adrien iria terminar a partida em campo, certamente que uma esmagadora maioria (onde me incluiria) responderia NÃO. Adrien tem as suas qualidades, mas com o avançar dos minutos não nos costuma impressionar pela sua clarividência em plena batalha pela conquista da bola. E atendendo à presença de Duarte Gomes, que normalmente não precisa de meia oportunidade para nos dificultar a vida, estavam criadas as condições para uma tempestade perfeita. Marco Silva devia ter lançado Rosell para o lugar de Adrien, e não apenas quando já estávamos reduzidos a dez elementos. Note-se no entanto que, apesar de Adrien ter estado mal ao não aliviar a bola quando teve oportunidade, a sua expulsão foi forçada: há falta mas não era para cartão.

Numa jornada em que tínhamos um adversário mais complicado que os nossos rivais, conseguimos não perder mais terreno e ainda aproveitámos para nos colarmos ao 3º classificado. Nada, nada mau. Segue-se um interregno de duas semanas que nos poderá devolver Jefferson e Nani para a difícil sequência Estoril / Braga / Rio Ave. Saibamos agora aproveitar a estabilidade que uma vitória como a de ontem pode proporcionar para lamber as feridas (ainda) abertas e arrancar com pujança para um novo ciclo de bom futebol.