sábado, 25 de abril de 2015

BREAKING NEWS

Estou desolado. A notícia que a RTP avançou ontem à tarde arrasou-me por completo:


William no Arsenal por 30 milhões. Ora aqui está uma grande desilusão. É bem vendido, sabemos que o clube precisa do dinheiro, mas tinha esperança que conseguiríamos manter William mais um ano. Infelizmente parece que o peso das libras esterlinas foi demasiado forte para a manutenção no plantel de um dos nossos melhores jogadores.

O que me irrita ainda mais é que me parece pouco sensato estarmos a fechar um negócio quando ainda há uma final da Taça para disputar. Pode afetar o foco do jogador e quem sabe do grupo de trabalho. Enfim, vamos ver o resto da notícia para sabermos mais detalhes daquela que é a maior venda da história do clube.


Alto! A notícia é da imprensa inglesa? Não há comunicado da SAD para a CMVM a anunciar o negócio? "A confirmar-se", diz o jornalista?

Bem, vamos lá a ver o que diz a imprensa inglesa... parece que o Metro escreveu mesmo qualquer coisa sobre o assunto às 10h38 de ontem.


Hmmm... o Metro aponta para o Daily Express. Vamos lá ver o que dizem esses...

Cá está: notícia publicada às 10h07 de ontem.


Ai... afinal foi o Telegraph? Então vamos lá ao site do Telegraph...

Sim, confere. Notícia publicada às 06h59 de ontem:


Gossip? <mexericos> Que partiram do... jornal O Jogo?! Ah, estão a referir-se a isto?



Ou seja, a notícia que a RTP deu com tanta veemência afinal surgiu a partir de uma peça publicada mais de 48 horas antes, e que facilmente se percebe que não é mais do que o típico encher de páginas com especulações face à inexistência de algo de concreto para oferecer aos leitores.

No espaço de dois dias, um conjunto de órgãos de comunicação social conseguiu transformar um "Médio é visto como potencial sucessor de Gerrard no Liverpool, sendo acompanhado por Arsenal e Manchester United" numa venda finalizada. E os 30 milhões surgem porque aparentemente no último defeso os dirigentes leoninos pediram informalmente um valor dessa ordem.

Lembro-me de brincar em miúdo com uma série de colegas a um jogo em que o primeiro sussurrava algo ao ouvido de outro, que depois passava a mensagem tal como a tinha escutado ao colega do outro lado, e assim sucessivamente. Quando se chegava ao fim da cadeia, comparávamos o que tinha dito o primeiro com aquilo que o último tinha percebido. Invariavelmente era algo completamente diferente. Isto que vimos aqui parece ser uma brincadeira semelhante, mas em vez de crianças os participantes são jornalistas profissionais. A diferença é que os jornalistas têm a vida facilitada pois, ao contrário das crianças no tal jogo, podem tentar descobrir de imediato se a versão que lhes chegou ao ouvido está correta, não tendo que aguardar pelo último miúdo da fila para saber o que afinal tinha sido dito em primeiro lugar. Como ficou demonstrado neste post, não é uma tarefa assim tão hercúlea.

Haja paciência para este jornalismo...