segunda-feira, 8 de junho de 2015

A semana numa frase

A probabilidade do Jesus vir para o Sporting é a mesma de o Sporting estar a perder 2-0 aos 83m de uma final da taça de Portugal e ainda ir ganhar nos penalties.

Esta frase, que li no Fórum SCP, é particularmente feliz para descrever uma semana absolutamente frenética que os sportinguistas viveram.

Muito já se disse e já se escreveu sobre a chegada de Jorge Jesus ao Sporting. Na comunicação social as questões mais debatidas são as da ética do treinador em trocar o clube em que estava por um rival, e a o risco financeiro que o Sporting corre ao contratá-lo. Ao mesmo tempo, parecem ignorar aquilo que, desportivamente, é uma evidência: podermos contar com Jesus no banco é indiscutivelmente um upgrade na competência técnica do Sporting, e que justifica o risco tomado.

Pode-se criticar a forma como Marco Silva está a ser tratado - independentemente daquilo que possa ter feito, não gosto de ver o treinador que nos devolveu aos títulos sair pela porta pequena -, mas estaremos todos de acordo que não fazia grande sentido mantê-lo em 2015/16 a partir do momento em que não havia predisposição de nenhuma das partes para um reaproximar de posições. A falta de declarações públicas reconciliadoras de um e outro lado deixam entender que a rutura era inevitável. O Sporting tinha que procurar um novo treinador.

E, de forma inesperada, surgiu a oportunidade Jesus. Ao contrário do que seria expectável, Vieira achou que era altura de iniciar um novo ciclo no Benfica e deixou o processo arrastar-se. A janela abriu-se para o Sporting e Bruno de Carvalho não hesitou. Que não existam dúvidas: perante todas as alternativas de mercado que estariam ao nosso alcance, Jesus está num patamar acima de qualquer outro, pelo que a direção do Sporting assumiu um risco financeiro - que ninguém antecipava - para suportar a contratação.

Será um all-in a la Porto? Só pelo investimento no salário do treinador, não. Assumindo que nos qualificamos para a fase de grupos da Liga dos Campeões, existe folga mais que suficiente nas contas para acomodar essa verba sem comprometer a meta imposta pela UEFA. No entanto, se não nos qualificarmos - e partindo do princípio que não entrará nenhum patrocinador agarrado à contratação do treinador -, significa que teremos que vender um jogador bem vendido até maio de 2016. E isso, atendendo à valorização de jogadores que Jorge Jesus tem conseguido, parece ser uma tarefa que está longe de ser impossível realizar.

Resta saber agora até que ponto a aposta em contratações será tão superior em relação aos anos anteriores, para percebermos exatamente a dimensão do risco que o clube estará a correr.