Nos últimos dias foram apresentados os relatórios e contas referentes ao 1º trimestre de 2015/16. Ainda não tive oportunidade de ver com atenção para os documentos, mas era impossível passar despercebido o enorme aumento de custos com pessoal que o Sporting registou da última temporada para esta.
Em função da contratação de Jorge Jesus e de um conjunto de jogadores conceituados, já se esperava que o aumento da massa salarial fosse significativo. No entanto, confesso que me surpreendeu uma subida tão acentuada como a que se verificou.
Existem no entanto alguns fatores a levar em consideração neste aumento:
- A questão dos jogadores excedentários tem um peso que não pode ser ignorado. Jogadores como Labyad, Viola, Rosell e Salomão são uma carga desnecessária para orçamento do clube. Será uma prioridade a sua colocação no mercado de transferências de janeiro. Para além disso, há que considerar outros casos já resolvidos que também deixaram a sua pegada no trimestre: Capel, Miguel Lopes e Sarr foram vendidos ou emprestados entre o final de julho e meados de agosto, e Ciani esteve por cá um mês.
- Neste trimestre já está contabilizado o prémio variável pela vitória na Supertaça.
- O clube renovou contratos com alguns jogadores do plantel cujo desempenho impunha um significativo aumento salarial, como Slimani, Jefferson e João Mário.
Já se sabia que, perante a não qualificação para a Liga dos Campeões, o Sporting está obrigado a vender bem um ou dois jogadores durante o decorrer da temporada. A ausência de patrocinador é um fator adicional de preocupação, mas também existem outros sinais positivos a registar, como o aumento significativo do número de gameboxes vendidas e expetativa de receitas de bilheteira mais elevadas.
No fundo, o Sporting decidiu correr alguns riscos a que não estávamos habituados desde que Bruno de Carvalho assumiu a liderança da SAD. Nas duas últimas épocas o clube apenas investiu aquilo que saberia que poderia pagar sem recorrer a receitas extraordinárias. A contratação de Jorge Jesus foi vista como uma oportunidade única de crescimento, e foram assumidos riscos que me parecem calculados. O Sporting é neste momento um clube com muito poucas gorduras, tem um plantel que se valorizou imenso ao longo das últimas duas épocas. pelo que este aumento de custos poderá ser sustentado com alguma naturalidade, mesmo no pior cenário possível - ou seja, a não conquista do campeonato. Se, por outro lado, o campeonato for conquistado, a natural valorização dos jogadores alimentará com facilidade o aumento dos custos e poderá dar início a um círculo virtuoso de desenvolvimento e valorização de jogadores >>> sucesso desportivo >>> aumento de receitas extraordinárias >>> aumento da capacidade para contratar e manter jogadores importantes ou de grande potencial.
Uma última palavra para Porto e Benfica. Apesar das saídas de Jackson, Alex Sandro, Danilo, Casemiro e Oliver, os custos com pessoal do Porto aumentaram em relação ao período homólogo de 2014/15. Que não existam dúvidas: o risco corrido por Pinto da Costa é muito superior ao do Sporting. Em relação ao Benfica, seria de esperar a redução de custos pela saída de Jorge Jesus e pela política anunciada por Luís Filipe Vieira. Mas a verdade é que se excluirmos o €1M trimestral que Jesus recebia, o Benfica para já apenas desinvestiu €1M no plantel em relação a 2014/15. No 2º trimestre será mais fácil analisar efetivamente a evolução dos três clubes neste departamento.