domingo, 6 de dezembro de 2015

Vitória competente em noite de São Patrício

Excelente jogo de futebol, abrilhantado pela classe sportinguista e pela imensa vontade demonstrada pela equipa da casa para conquistar pontos. O Marítimo jogou como se disso dependesse a sua existência, entrou fortíssimo na partida, criando algumas boas ocasiões para marcar. Só a partir dos 15 minutos o Sporting conseguiu controlar o adversário e impor que o jogo se disputasse sobretudo no meio-campo maritimista. Esse domínio não foi avassalador mas foi evidente e durou até a obtenção do golo, momento a partir do qual a equipa soube ser pragmática e sofrer para segurar o resultado.


Positivo

5 de dezembro, dia de São Patrício - não é que o Marítimo lhe tenha dado muito trabalho, mas nas três vezes em que o obrigaram a sujar os calções, Rui Patrício fez três defesas monumentais em que revelou reflexos e agilidade assombrosos. Se o Sporting saiu hoje dos Barreiros com os três pontos, deve agradecer em primeiro lugar ao seu extraordinário guarda-redes.


A jogada do golo - 52'40'' de jogo. Bryan Ruiz deixa-se antecipar por Éber Bessa, que consegue cortar a bola e adiantá-la na direção do meio-campo. João Pereira faz um pequeno sprint para parar o contra-ataque, chega primeiro que Éber e toca para trás para Paulo Oliveira. Paulo Oliveira devolve para João Pereira, que entretanto se tinha encostado à linha, livre de marcação. Adianta a bola pela linha para João Mário e corre verticalmente por dentro. João Mário devolve-lhe de primeira e João Pereira recebe com um passe para a frente para Bryan Ruiz que, a 5 metros da quina da área temporiza à espera do overlap de João Mário junto à linha. Ruiz mete-lhe a bola no espaço. João Mário corre para dentro, domina a bola, entra na área, dá um subtil toque para a esquerda para tirar do caminho um deslizante Patrick Vieira. Vê Adrien a pedir a bola completamente solto na meia lua, mete-lhe a bola na marca de penálti e o capitão, com uma enorme frieza e classe, mete-a no fundo das redes aos 52'57''. Um hino de dezassete segundos ao dinamismo coletivo e categoria individual desta equipa.

O camaleão tático João Mário - mais uma vez desempenhou várias funções em campo em função das necessidades da equipa, com a eficácia do costume. Apesar de não ter sido uma exibição de enorme brilhantismo, foi dos pés de João Mário que surgiram as três principais oportunidades de golo. Aos 30' perfurou pela área e serviu Adrien, que por sua vez colocou a bola em condições para o duplo remate de Bryan Ruiz. Na segunda parte fez a assistência para o golo de Adrien e ainda deixou Gelson com todas as condições de fazer o 2-0.

E vão 5 jogos sem sofrer golos - já lá vão mais de 450 minutos de inviolabilidade das nossas redes, um fenómeno que não é fruto do acaso. Os jogadores sabem o que têm a fazer em campo, mantêm a serenidade mesmo nos momentos de maior aperto e são praticamente nulas as quebras de concentração. E nos (poucos) momentos em os adversários acabam por conseguir dispor de ocasiões para marcar, aparece Rui Patrício. Aplicando-se a máxima de que são as defesas que ganham campeonatos, estamos definitivamente no bom caminho para o conquistar.


Negativo

Para Carlos Pereira, com amor - o presidente do Marítimo, sendo um homem que parece apreciar a função de papel higénico das nádegas do futebol português, mereceu inteiramente a dedicatória que lhe foi feita no final do jogo.

Amadorismo da Liga - os equipamentos usados por Sporting e Marítimo foram um suplício para quem viu o jogo na televisão. Em situações de disputa de bola, era complicado distinguir quem era quem. Parece-me, no entanto, mais uma questão de má iluminação do estádio do que dos equipamentos propriamente ditos. De qualquer forma, não se compreende que ninguém com responsabilidades na Liga que estivesse a ver o jogo pela televisão não tenha telefonado aos delegados para pedirem a uma das equipas para trocar de equipamentos ao intervalo. Amadorismo total.



Sexta vitória consecutiva no campeonato, a quarta consecutiva por 1-0. Não foi brilhante - como não temos sido -, mas foi mais uma partida de alto risco que conseguimos ultrapassar com competência. Roubando as palavras do Rui Monteiro do Insustentável Leveza de Liedson, pedimos desculpa pelo mau jeito, mas os campeonatos ganham-se assim.