Negócio fechado por Talisca. 25 milhões por um jogador que, como é do conhecimento geral, não tem lugar no plantel do Benfica. Vamos, por um momento, fazer de conta que os clubes interessados não sabem desse pequeno-grande pormenor, e, como tal, não sabem que o poderiam levar por um terço do valor. O mais interessante é que se sabe que o negócio está fechado, sabe-se também o valor do suposto negócio, mas... não se sabe qual o clube que o vai comprar. Dizem que tanto pode ser o Liverpool - que depois o emprestará ao Wolverhampton -, como diretamente o Wolverhampton, ou eventualmente outro clube inglês que terá ficado encantado com a estrondosa época que o brasileiro fez.
Proposta de 30 milhões recusada por Carrillo. Um jogador que poderia ter sido transferido há um ano por um terço ou metade do valor, e que entretanto esteve sem jogar durante 9 meses. De repente, acotovelam-se os interessados e multiplicam-se os valores.
Salvio a ser negociado por 30 milhões. Apesar das dúvidas existentes sobre a real condição física do argentino - alvo de várias cirúrgias delicadas - que, na época passada, não conseguiu atingir o nível de anos anteriores, a sua cotação nunca esteve tão elevada.
Proposta de 35+5 milhões recusada por Jimenez, um jogador que, tendo sido importante na carreira do Benfica no campeonato e na Liga dos Campeões, foi quase sempre a 3ª opção para a sua posição.
Lindelof a ser negociado por 30 milhões, supostamente com o Chelsea. O sueco foi, efetivamente, uma das grandes revelações da época passada, mas o Euro 2016 não lhe correu particularmente bem. De qualquer forma é um jogador com um potencial inegável.
Negócios com a chancela de Jorge Mendes, segundo o jornal A Bola.
Curioso, no entanto, que Vieira, first of his name, a.k.a. Midas, o negociador implacável, vá amochando quando os negócios acontecem fora da esfera de Jorge Mendes. Aí já tem de se conformar com os empréstimos dos Djuricics, Victor Andrades, Friesenbichlers e Mukhtars, porque não há quem pague por eles sequer uma parcela daquilo que custaram inicialmente. Na prática, os mesmos problemas que o Porto vai tendo com os Herreras ou Fabianos. Ou que o Sporting tem com os Monteros ou Slavchevs. Fora da esfera de Mendes, Vieira tem as mesmas dificuldades que todos os outros, e não consegue contornar as leis da racionalidade que normalmente imperam em qualquer negócio que envolva profissionais: é impossível que os clubes interessados não saibam o rendimento que os jogadores tiveram por cá, o que imediatamente desvaloriza o produto e reduz o poder negocial de quem os quer vender.
Na esfera de Mendes, as leis da racionalidade distorcem-se da mesma forma que o espaço-tempo se deforma nas imediações de um buraco negro: fechou a venda de Mangala para o Manchester City - após uma época medíocre do francês no Porto - por um valor acima da cláusula de rescisão; transferiu Cancelo e Cavaleiro por 15 milhões, apesar de nunca se terem conseguido impor no Benfica; levou Pizzi e Jimenez para o Benfica por 36 milhões; e parece que agora vai colocar uma legião de dispensáveis (Talisca, Cavaleiro, Hélder Costa, Ola John, Sílvio) no Wolverhampton, clube comprado pela Fosun, sabe-se lá por quantos milhões mais - como se os chineses não tivessem o mesmo amor ao dinheiro que qualquer outra empresa ou pessoa.
Olhando para o que já aconteceu no passado, não ficarei surpreendido se qualquer uma destas transferências se concretizar.
Claro que, perante a ausência de racionalidade, uma pessoa poderá sempre questionar-se se jogadores e dinheiro serão realmente os únicos ativos a serem transacionados nestes negócios, ou seja, se não haverá alguma outra commodity a ser colocada na mesa para compensar a disparidade aparente nestas transferências.
Até compreendermos completamente os contornos destes negócios, talvez fosse mais sensato falarmos em Negócios de Mendilhões e não em Negócios de Milhões.