Foram inúmeros os grandes momentos que Slimani nos proporcionou ao longo dos três anos em que jogou de leão ao peito, mas se tivesse que escolher apenas um, seria este:
Final da Taça de Portugal. Disputada com menos um jogador desde o quarto de hora e a perder por dois golos desde os 25 minutos, este jogo parecia perdido para todos os sportinguistas. Nas bancadas, o apoio ia-se fazendo ouvir, mas a fé era escassa. No relvado, a equipa mostrava-se impotente para dar a volta a uma desvantagem que parecia irrecuperável. Mas se havia falta de ideias, nunca deixou de haver na frente um leão a lutar contra todos as adversidades, incessantemente, como se a sua vida dependesse disso. Raramente a bola lhe era colocada em condições, mas nunca abdicou de a perseguir e de pressionar os adversários que a tivessem na sua posse. Até que, a menos de cinco minutos do fim do tempo regulamentar, teve a sua oportunidade. Teve a sua oportunidade e não a desperdiçou, despertando a crença em colegas e adeptos. O resto pertence à história. Se o Sporting conquistou a Taça de Portugal, deve-o, em primeiro lugar, a Islam Slimani.
Slimani é isto: um jogador com uma vontade férrea e mentalidade vencedora, que nunca desiste e que faz questão de aparecer sempre nos grandes momentos. Foi assim desde que chegou: terminou a primeira época com um golo marcado a Benfica, Porto e Braga, que valeram duas vitórias tangenciais e uma dramática ida a prolongamento para a Taça; na segunda época marcou um golo na Luz no seu jogo de estreia, somou outros dois golos ao Braga e ainda outros dois golos na Liga dos Campeões; na terceira época, com Jorge Jesus, assistimos ao aparecimento do goleador, que faturou por 31 vezes - 2 desses golos foram marcados ao Benfica, 4 ao Porto e 3 ao Braga).
Faltou-lhe apenas ganhar o campeonato, mas ainda está a tempo de o conseguir. Se o Sporting alcançar esta época o seu objetivo, Slimani terá desempenhado um papel curto, mas importante: pode ter disputado apenas dois jogos, mas foi decisivo em ambos.
Para os sportinguistas, Slimani tem o encanto adicional de ter chegado a Alvalade como matéria-prima em estado bruto. Não sendo um produto da nossa formação, registou uma evolução técnica e tática inacreditável. Chegou a Alvalade como um tosco e saiu como um craque.
Prosseguirá agora a sua carreira nos maiores palcos da Europa. Fez por merecê-lo. Merece também continuar a ser feliz. Boa sorte e obrigado, Slimani!
(vídeo de André Lucas)