Depois de um exercício provisório feito antes do arranque do campeonato, já podemos fazer um balanço mais definitivo na comparação dos plantéis disponíveis esta época com os da época passada. A análise que se segue engloba os onzes mais prováveis, as alternativas de banco disponíveis e treinador de cada equipa, colocando-se uma cor diferente que caracterize se a evolução foi positiva, negativa ou neutra. A vermelho estão as posições em que (na minha opinião) o clube piorou, a amarelo as posições em que não houve grande variação, e a verde os casos em que se registou uma melhoria.
Sporting
As movimentações das últimas duas semanas revolucionaram o plantel do Sporting e permitiram atenuar tão bem quanto possível as saídas de Slimani e João Mário.
Bas Dost é um jogador que, na minha opinião, poderá ser um substituto à altura do argelino: não oferecendo a mesma capacidade de luta, é um finalizador nato com um nível técnico muito interessante, pelo que poderá valer os golos de que o Sporting necessita do seu ponta-de-lança principal. No caso de João Mário, parece-me que não se conseguiu encontrar um substituto ao mesmo nível, mas, em compensação, arranjaram-se várias alternativas que, não conseguindo oferecer a mesma inteligência e classe, poderão elevar os níveis de explosão - característica de que o Sporting precisava na época passada. Markovic e Elias - e até Campbell - acrescentam uma capacidade de agitar o jogo que escasseava.
Profundidade, aliás, é aquilo que não falta na generalidade das posições em campo: Beto é um guarda-redes suplente tão bom quanto se poderia desejar; Douglas é um upgrade em relação a Naldo; o recuperado Paulista e Elias são novas excelentes opções para o miolo (Petrovic e Meli contarão para o totobola?); mas a maior diferença em relação a 2015/16 acaba por se registar no ataque, pois onde antes havia Barcos / Montero + Tanaka, há agora Alan Ruiz + Castaignos + André, a quem se poderá somar ainda Spalvis a partir de janeiro / fevereiro.
Em resumo, mesmo tendo vendido duas das suas principais figuras e dispensando um titular (Teo), o Sporting parece muito melhor apetrechado para enfrentar uma longa época.
Benfica
O plantel benfiquista ficou definido bastante cedo, e o final da janela de transferências foi relativamente calmo. Curiosamente, a única contratação de última hora (Rafa) veio fortalecer posições onde já existia qualidade para dar e vender.
Apesar de o Benfica ter cinco excelentes extremos, duvido que algum deles consiga igualar, já esta época, tudo aquilo que Gaitán oferecia à equipa. De qualquer forma, pode-se dizer que o argentino foi substituído tão bem quanto realisticamente se poderia esperar. A outra saída de peso, Renato Sanches, também foi bem resolvida, com a entrada de 3 jogadores que podem fazer a posição: André Horta, Danilo e Celis, que se juntam a Samaris. Suponho que Danilo agarre o lugar logo que estiver em condições, pois André Horta parece-me muito leve para ser o 8 de que o Benfica precisa com um meio-campo a dois.
Onde o Benfica parece ter melhorado em relação à época passada é na lateral esquerda. Apesar de Grimaldo já ter feito meia-época em Lisboa, só agora parece ser uma verdadeira opção para Rui Vitória.
No banco, as alternativas variam entre o razoável e o muito bom: ter Ederson como guarda-redes suplente é um luxo; nas laterais e no centro da defesa, a profundidade do plantel poderá deixar algo a desejar à medida que a época for avançando; no ataque, a qualidade é imensa.
É seguro dizer que o Benfica tem um plantel fantástico, apesar de, na minha opinião, ser ligeiramente desequilibrado em determinadas posições.
Porto
Quando o campeonato começou, o Porto parecia estar uns furos abaixo dos rivais, mas entretanto fez algumas contratações que elevam o nível do plantel. Entraram Boly, Diogo Jota e Óliver, saiu Aboubakar, e confirmou-se a permanência de Brahimi.
Com a exceção de Óliver, não me parece que estas mexidas fortaleçam significativamente o onze inicial, mas dão outra profundidade ao plantel - de que o Porto bem necessitava. De qualquer forma, o plantel continua a parecer curto em duas posições-chave: ponta-de-lança e defesas centrais.
No centro da defesa, Felipe parece poder fazer esquecer Maicon. Boly é para mim um ponto de interrogação: não que seja difícil fazer melhor do que Marcano, mas não foi um jogador que tenha dado demasiado nas vistas no Braga. Esperar para ver. No banco, é obviamente melhor ter Marcano do que ter Chidozie. Há melhorias, mas numa primeira análise não parecem ser tão boas como se poderia esperar. O outro ponto mais frágil do plantel é na frente de ataque: é um risco colocar as fichas todas em André Silva que, por muito potencial que tenha, ainda precisa de fazer o seu percurso até o conseguir concretizar em pleno, e tendo apenas Depoitre, um desconhecido avançado belga de 27 anos, como backup.
Os pontos fortes do Porto são as laterais (Layun e Maxi são do melhor que há na liga, e Telles também promete bastante) e os apoios ao ataque (com Brahimi, Corona, Jota, Octávio e Óliver, não faltarão municiadores para o ponta-de-lança).
Finalmente, o treinador. O Porto foi o único dos três grandes a mexer no técnico. Comparando com Peseiro parece-me uma melhoria. Comparando com Lopetegui, não estou tão certo. O treinador basco não era popular entre a massa adepta portista, mas não sei até que ponto Nuno Espírito Santo será o homem de que o Porto precisa no banco. Superou a prova de fogo com a Roma, mas as circunstâncias em que o fez foram bastante especiais para que se possam retirar daí grandes conclusões. Perdeu em Alvalade, revelando pouca capacidade de mexer no jogo quando a sua equipa perdeu o controlo das operações - o recurso a Óliver, chegado apenas dois dias antes, cheirou a desespero e não é lisonjeiro para os outros jogadores que estavam no banco e que fizeram a pré-época completa.
Parece, portanto, que o Porto está mais forte do que há um ano, mas nem todas as posições ficaram fechadas da melhor maneira.