O Sporting divulgou ontem o relatório e contas referente aos primeiros três trimestres da época 2016/17, no qual registou um lucro de 35 milhões de euros. Os números refletem aquilo que era expectável após se conhecerem os resultados do primeiro semestre: do ponto de vista financeiro, a época 2016/17 será bastante positiva, graças, sobretudo, às vendas de Slimani e João Mário, que permitiram suportar o aumento significativo de investimento na equipa de futebol.
Independentemente do peso das mais-valias da venda de jogadores no resultado obtido, há que assinalar a continuação do aumento das receitas não extraordinárias, nas suas diversas componentes.
Independentemente do peso das mais-valias da venda de jogadores no resultado obtido, há que assinalar a continuação do aumento das receitas não extraordinárias, nas suas diversas componentes.
Infelizmente, o afastamento prematuro do Sporting nas várias competições acabou por afetar decisivamente a bilheteira. É certo que estamos melhor do que na época passada, mas esse crescimento deve-se, sobretudo, ao aumento de 24% dos bilhetes de época. Na bilheteira avulsa, o 3º trimestre foi muito negativo, nomeadamente na comparação com a época anterior ao nível do campeonato.
Expetativa para ver a estratégia que a SAD seguirá para a venda de Gameboxes na próxima época. O patarmar de vendas que se atingiu em 2016/17 foi muito elevado - impulsionado pela qualificação para a Liga dos Campeões e pelas expetativas geradas em torno da equipa -, pelo que, na próxima época, sem a Liga dos Campeões garantida e com expetativas mais refreadas, será necessário trabalhar bem para manter/aumentar os níveis de receita dos bilhetes de época.
Expetativa para ver a estratégia que a SAD seguirá para a venda de Gameboxes na próxima época. O patarmar de vendas que se atingiu em 2016/17 foi muito elevado - impulsionado pela qualificação para a Liga dos Campeões e pelas expetativas geradas em torno da equipa -, pelo que, na próxima época, sem a Liga dos Campeões garantida e com expetativas mais refreadas, será necessário trabalhar bem para manter/aumentar os níveis de receita dos bilhetes de época.
O ponto mais negativo continua a ser a componente corporate, nomeadamente ao nível da faturação em camarotes e business seats. Numa época em que as expetativas eram elevadíssimas à partida, não é compreensível que se continuem a ver tantos camarotes vazios - algo que já se tinha verificado na época anterior. Gostava de ver a SAD pronunciar-se sobre este tema, onde continuamos a ter resultados muito abaixo dos nossos rivais: para se ter noção do quão baixo os nossos valores são, quer o Porto quer o Benfica faturaram, no 3º trimestre de 2015/16 (nenhuma das SAD's divulgou as contas do 3º trimestre de 2016/17) mais de 6 milhões - ou seja, mais do dobro daquilo que o Sporting apresentou nas contas divulgadas ontem.
Na relação entre os proveitos e custos operacionais, como seria de esperar, o elevado aumento dos custos com a equipa de futebol não foi acompanhado por um igual crescimento das receitas não extraordinárias. No entanto, convém relembrar que, no 2º semestre, há sempre um abrandamento das receitas face aos custos - daí ter sido necessário o emagrecimento do plantel. É previsível que o prejuízo operacional de 9,9 milhões (sem transação de jogadores) aumente para perto de 20 milhões até ao final da época. Nada que coloque em risco o fecho do ano com o recorde de lucro da SAD - que será ainda maior graças à transferência anunciada ontem de Rúben Semedo -, mas é sinal de que é conveniente haver um reajuste na próxima temporada, pois não teremos garantidas as receitas da Champions.
Juntando os proveitos operacionais excluindo jogadores às receitas obtidas com as transferências de atletas, o Sporting faturou, até ao 3º trimestre, um valor superior a 138 milhões de euros. E sem mendilhões, convém lembrar.
Em relação aos custos, para além do grande aumento de salários já mencionado, houve uma subida muito ligeira dos FSE's.
Em relação ao endividamento bancário e obrigacionista, continua a tendência de descida. Entre janeiro e março, apesar de não haver entradas relevantes de dinheiro, foi possível baixar o endividamento total em cerca de 0,5M, para valores inferiores a 126M. Sinais muito positivos, que terão sequência ainda mais significativa no 1º trimestre de 2017/18, altura em que reembolsaremos os 30% das mais-valias das vendas de João Mário, Slimani e Naldo, tal como está estipulado no acordo quadro com a banca.
Há também uma referência à conta de reserva para a recompra de VMOC's: segundo o R&C, esta conta tem atualmente um saldo de 3,1 milhões de euros mas, em julho, passará a ter cerca de 10 milhões de euros.
Nota muito positiva para este nível de poupança - algo que nunca imaginei ser possível na altura em que o acordo de reestruturação financeira foi fechado - que abre excelentes perspetivas para resolver da melhor forma o problema das VMOCs antes do seu vencimento.