domingo, 17 de setembro de 2017

A importância de se ter especialistas

Excelente arranque de temporada com cinco vitórias em cinco jogos para o campeonato, apuramento no playoff da Liga dos Campeões e vitória na primeira jornada na Grécia. Adversário direto acabado de perder três pontos de forma inesperada. Receção a uma equipa da segunda metade da tabela. Era uma noite que tinha tudo para correr bem, certo? Nem por isso. Havia um borrego para matar contra uma equipa que vinha com uma estratégia de estacionamento de autocarro atrás e risco zero à frente, havia a questão de mudança de chip das competições europeias para as competições nacionais ao mesmo que tempo que se procurava fazer algum tipo de gestão física da equipa, e, veio-se a perceber cedo, havia também uma equipa de arbitragem que vinha complicar aquilo que pudesse ser complicado.

O resultado de tudo isto foi um jogo completamente controlado pelo Sporting, mas em que a equipa nunca demonstrou grande interesse/capacidade em pôr uma intensidade elevada na procura do golo a partir do momento em que se viu a ganhar. Jogo morno, que só aqueceu com os dois grandes golos que resolveram a partida e com a fricção da agressividade excessiva de certos jogadores do Tondela consentida pelo árbitro Manuel Oliveira.




A importância de se ter especialistas - duas das grande lacunas da época passada - livres diretos e remates de meia-distância - parecem plenamente resolvidas com as entradas existentes: Bruno Fernandes, Mathieu, Iuri e Acuña, aos quais ainda se pode juntar Alan Ruiz na parte dos remates de meia-distância. No primeiro golo, Cláudio Ramos estava posicionado para um livre batido pelo pé direito e não teve quaisquer hipóteses perante a irrepreensível execução de Mathieu com o pé esquerdo (no futuro poderemos também tirar dividendos da dúvida que os guarda-redes terão sobre qual dos dois marcará). E o segundo golo foi mais um momento de génio de Bruno Fernandes, totalmente repentino e intencional. Basicamente, tudo isto acaba por redundar na importância de se ter executantes de grande qualidade, que são aqueles que garantirão mais pontos em cenários de maior dificuldade. O muito dinheiro que se paga por jogadores destes não é um gasto, é um investimento.

Borrego morto - o Tondela apostou na mesma fórmula dos anos anteriores: risco zero, tentando a sorte exclusivamente através de contra-ataques ou bolas paradas. A probabilidade de sucesso em conseguir pontos nunca seria grande, mas também era assim nos dois anos em que vieram cá roubar pontos. Felizmente, desta vez a história foi diferente e matou-se um borrego que, sendo ainda pequenito, já incomodava bastante.



Pouco futebol - Jesus não fez demasiadas alterações em relação ao que é, atualmente, o melhor onze do Sporting, mas a qualidade de jogo acabou por desiludir. Houve vários fatores a contribuir para isso: marcámos cedo, e a equipa pareceu satisfeita por poder gerir o 1-0 - com os riscos inerentes a essa opção -, há jogadores que estão desgastados pela sequência de jogos a que têm sido sujeitos, e o Tondela manteve-se sempre acantonado no seu meio-campo, sem correr qualquer risco na frente mesmo em desvantagem. Na primeira parte o Sporting teve apenas três oportunidades: o golo de Mathieu, o remate em arco de Iuri que saiu a rasar o poste, e o remate de Bruno Fernandes ao poste. Na segunda parte, até ao segundo golo, também houve pouco para ver. Foi um jogo que valeu apenas pelos golos.

Pouca fluidez no ataque - o público de Alvalade parece ter perdido a paciência de vez com Alan Ruiz, e compreensivelmente: o argentino bem tentou, procurou sempre a bola, mas fez um jogo paupérrimo, com inúmeras bolas perdidas e incapacidade quase total de ligar o meio-campo e o ataque. Mas não é justo colocar-se apenas nele a responsabilidade pelo fraco futebol apresentado. Iuri e Piccini foram incapazes de construir jogo pela direita - para além da falta de entendimento mútuo, Iuri raramente teve espaço, enquanto o italiano continua a revelar uma angustiante capacidade de saber o que fazer à bola quando passa a linha central. Do outro lado, Coentrão raramente subiu e Acuña nunca conseguiu gerar desequilíbrios. Bruno Fernandes, ocupado num papel mais de combate, também poucas vezes apareceu com bola junto à área do Tondela. Resultado: Dost passou mais 90 minutos sem oportunidades para marcar.



MVP: Mathieu

Nota artística: 3
Arbitragem: deplorável. Manuel Oliveira teve um critério incompreensível na marcação de faltas e na exibição de cartões, permitindo uma agressividade excessiva aos jogadores do Tondela. Para além dos vários amarelos perdoados, devia ter mostrado o vermelho a Ricardo Costa por agressão sobre Alan Ruiz. O fiscal-de-linha também assinalou um fora-de-jogo inexistente a Bruno Fernandes quando este ficou na cara do guarda-redes e atirou ao poste, na recarga a uma defesa incompleta ao remate de Alan Ruiz.



E vão seis vitórias em seis jogos, com cinco pontos de avanço sobre o Benfica e aguardando o resultado da complicada deslocação que o Porto terá mais logo. Agora é poupar os onze titulares na Taça da Liga e ter o foco total na visita ao Moreirense.