sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Igualdade de tratamento?

Na sequência do castigo de três jogos aplicados a Samaris, Rui Vitória veio reclamar a necessidade de haver igualdade de tratamento para todos os clubes. No entanto, Rui Vitória será, provavelmente, a pessoa do futebol português que menos motivos tem para andar a exigir igualdade de tratamento para todos em situações disciplinares.

É verdade que o caso de Slimani ainda está relativamente fresco na memória de todos - o castigo de um jogo foi curto para a gravidade do sucedido e o tempo que o caso levou a ser julgado foi surreal -, mas esse é, muito possivelmente, o único caso em que o Benfica poderá alegar ter razões de queixa nos últimos anos.


Samaris ter sido suspenso por três jogos é pena leve para aquilo que fez: devia ter sido expulso duas vezes em pleno relvado, e considerando que é um jogador que recorrentemente agride outros jogadores - cumpriu no início desta época uma suspensão de 4 jogos por agressão a Diogo Ivo, no jogo com o Moreirense na época passada -, devia ter levado uma pena verdadeiramente exemplar.


A última semana foi particularmente fértil na demonstração do tratamento privilegiado que o Benfica tem por sistema. Veja-se o caso de André Almeida: conseguiu não ver qualquer cartão após uma bárbara agressão a um jogador do Braga, e, não surpreendentemente, foi expulso (e bem) na Liga dos Campeões por uma falta com bastante menor gravidade.


Sinceramente: alguém acredita que André Almeida seria expulso em Portugal pela falta que fez em Basileia? 90% dos árbitros (numa perspetiva otimista) não teria coragem para lhe mostrar cartão vermelho. Lembram-se bem do que aconteceu a Marco Ferreira...

Mas vale a pena recordar outros casos recentes, como a agressão de Eliseu sobre um jogador do Belenenses, que o árbitro não viu e transformou em falta a favor do Benfica, e em que o videoárbitro Vasco Santos, apesar das repetições a que teve acesso, não vislumbrou qualquer gravidade...


... ou a agressão de Pizzi a Francisco Geraldes, mais uma vez sem um cartão que fosse.


O mesmo Pizzi a quem, no ano passado, foram perdoadas expulsões direta por outra agressão sobre um jogador do Rio Ave...


... e por uma varridela inacreditável em Podence nas meias-finais da Taça da Liga.


Ou, apenas mais um exemplo: como é que Jonas não viu vermelho aqui?


E poderia continuar... existem muitos outros exemplos. Só em jogos contra o Sporting: o vermelho que Renato Sanches não viu pela entrada assassina sobre Bryan Ruiz, ou os vermelhos que Fejsa e Samaris não viram no 0-3, por agressões sobre Adrien e Bryan Ruiz, ou ainda, no tal jogo em que Slimani agrediu Samaris, para a Taça de Portugal, também Eliseu (por duas boladas contra jogadores do Sporting com o jogo parado), Jardel e Samaris (por repetidas faltas duríssimas) deviam ter visto o cartão vermelho - o grego ainda acabou expulso no prolongamento, mas podia ter visto o vermelho muito antes.

Também poderíamos levar a questão da igualdade de tratamento para outros tipos de lances... como o penálti que foi assinalado sobre Jonas no jogo contra o Rio Ave por agarrão, e o penálti que não foi assinalado sobre Doumbia no Moreirense - Sporting também por agarrão.

Rui Vitória quererá mesmo igualdade de tratamento? Talvez seja melhor ter cuidado com aquilo que deseja...