Sinceramente, não estava à espera deste deslize. Mesmo sendo eu um pessimista inveterado, que receia receções ao Tondela e está sempre à espera que o pior aconteça, pensava que, com maior ou menor dificuldade, passaríamos um Moreirense que tem claro défice de talento em relação a temporadas anteriores. É bem provável que tanto o treinador como a equipa comungassem da mesma confiança, pois o onze escolhido e a qualidade da generalidade dos primeiros 45 minutos deixaram entender que se pensava que os golos acabariam por aparecer mais tarde ou mais cedo.
Se o pensamento já estava no Barcelona e Porto, deviam saber que isso, normalmente, dá mau resultado: nem se pouparam fisicamente, nem conseguiram os três pontos. O que aconteceu ontem deve servir de aviso muito sério, pois aquilo que será feito até dezembro no campeonato poderá definir toda uma época. E como já todos estamos carecas de saber, por muito bem que nos corra a Liga dos Campeões, não será isso que definirá o sucesso da temporada. Ao invés, os pontos perdidos nos Comendadores Joaquim Almeida Freitas deste país poderão efetivamente causar danos mais elevados.
Foto: Vítor Parente / Kapta+ |
A reação ao golo sofrido - a segunda parte do Sporting não foi particularmente inspirada, mas ninguém poderá acusar os jogadores de não ter sido esforçada. A equipa, de facto, tentou chegar à vitória até ao limite das suas capacidades.
A exibição de William - o melhor jogador do Sporting em campo, pela sua capacidade de combate a meio-campo e pelo esclarecimento que conseguia ter com bola, apesar da floresta de pernas (e braços) à sua volta. Está num excelente momento de forma.
Patrício decisivo - fez duas defesas de grande dificuldade, uma das quais a lembrar-nos que é um dos melhores do mundo no um contra um.
As escolhas - não vou criticar Jesus por ter deixado Battaglia e Acuña de fora, apesar de ser estranho que tenham saído dois jogadores que foram utilizados a meio da semana para a Taça da Liga - isso sim, opção muito discutível -, mas fizeram-me mais confusão outras escolhas do treinador: a insistência em Alan Ruiz - que para além de não estar em forma, fez 90 minutos contra o Marítimo - e em Piccini num campo que, sendo muito estreito, dá outra importância ao que se consegue fazer nas faixas laterais - ainda mais após as boas indicações que Ristovski deu na terça-feira.
Subrendimento - Gelson inconsequente, Alan Ruiz bem ao 1º toque mas péssimo quando não solta de imediato a bola, Bruno Fernandes enterrado em terrenos demasiado preenchidos, laterais e alas que não acertaram um único cruzamento, Iuri entrou muito mal e desperdiçou de forma quase absurda três soberbas ocasiões de último passe que teve nos pés.
MVP: William Carvalho
Nota artística: 2
Arbitragem: O jogo foi muito quezilento e não facilitou a vida de Luís Godinho, mas a verdade é que o árbitro teve culpas ao ser - como tem sido regra - muito permissivo perante as repetidas faltas do Moreirense. Só por volta da 17ª ou 18ª falta é que saiu o primeiro amarelo para jogadores da casa, seguidos de 3 para jogadores do Sporting. Teve também outros lances polémicos: parece-me boa a decisão de anular o golo a Alan Ruiz, mas falhou no fora-de-jogo mal tirado a Tozé (faz-se à bola, mas não lhe toca), o canto de onde nasce o golo do Sporting é mal assinalado, e no último minuto dos descontos, o erro mais grave: ficou um penálti por marcar a favor do Sporting por agarrão claro sobre Doumbia na área.
— | XyneZ | (@XynezPN) 24 de setembro de 2017
Primeiros pontos perdidos. Não é nenhum drama, nomeadamente porque teremos hipóteses de nos destacarmos na liderança já na próxima jornada - curiosamente, faz lembrar o que aconteceu há dois anos: o Sporting perde com o União da Madeira e permite que o Porto se isole no comando, mas na jornada seguinte recebeu e venceu o Porto, retomando o 1º lugar isolado. Que seja assim mais uma vez, mas sem a parte que viria a acontecer depois umas jornadas mais tarde...