É sempre engraçado ver como existem comentadores com uma certa apetência para desdramatizarem (ou dramatizarem) faltas em função dos clubes que estão em campo. Não é difícil encontrar casos destes por cá, mas também não é assim tão comum vermos o mesmo comentador a reagir de forma diferente a dois casos extraordinariamente semelhantes num espaço de tempo inferior a 24 horas.
No sábado, Podence foi abalroado dentro da área do Boavista por Rossi. O jogador da casa, na tentativa de disputar a bola, não faz mais que abalroar pelas costas o seu adversário. Penálti claríssimo que ficou por assinalar.
No entanto, Luís Freitas Lobo comentou da seguinte forma o lance:
Portanto, para Freitas Lobo há um contacto legal entre um jogador e outro em que "Rossi é muito mais forte do que Podence" na disputa de bola. Talvez essa maior força se explique pelo facto de Rossi se deslocar contra Podence pelas costas e acertar-lhe violentamente com o ombro na nuca.
No dia seguinte, calhou ser Freitas Lobo o comentador de serviço no dérbi de Manchester. Curiosamente, nesse jogo houve uma lance bastante semelhante, a envolver Marcos Rojo e David Silva, com apenas três diferenças fundamentais: em vez de ser ombro contra nuca, foi testa contra têmpora; o jogador que sofreu a falta não equipava de verde; e a falta ocorreu a meio-campo. Será que Freitas Lobo também é de opinião que Rojo se limitou a ser muito mais forte do que Silva? Vejamos:
Neste caso, Rojo "entrou com tudo" e fez uma "entrada duríssima". A falta e o cartão não são contestados.
Freitas Lobo tem andado com azar nas apreciações que faz a casos polémicos. Nas últimas jornadas, inventou um fora-de-jogo inexistente de Dost no golo de Battaglia frente ao Paços de Ferreira, e conseguiu não ver a mão de Luisão no clássico do Dragão. Pode não gostar das discussões que existem sobre arbitragem após o final dos jogos, mas, enquanto comentador de diretos, devia saber que tem a responsabilidade de fazer as análises de forma coerente e o mais acertadas possível, sob o risco de gerar uma confusão ainda maior entre quem assiste ao jogo.