Do ponto de vista técnico-tático, a goleada imposta ontem ao União da Madeira pouco significa, considerando as fragilidades naturais de um adversário do escalão interior que passa por uma crise bastante complicada - que já vai em rescisões por justa causa por salários em atraso -, mas há outro tipo de sinais positivos que se podem retirar desta partida.
A ideia de Jesus em levar a jogo uma equipa bastante aproximada da titular - apenas Salin e Doumbia não fazem parte do grupo de 13 jogadores que têm composto o núcleo duro do treinador - é facilmente compreensível, apesar de não estarmos a falar de uma competição prioritária: mantém a equipa com algum ritmo competitivo num período de paragem do campeonato de duas semanas e meia, não corre grandes riscos do ponto de vista físico (a equipa levou o jogo a sério, mas nunca necessitou de impor uma intensidade elevada) ou disciplinar (uma eventual expulsão limparia no jogo com o Belenenses), ao mesmo que tempo que, goleando, colocaria o Sporting numa posição privilegiada para garantir as meias-finais da Taça da Liga na terceira e última jornada desta fase de grupos.
Nesse sentido, parece-me que o investimento na partida de ontem deu o retorno de que Jesus estaria à espera. Analisando do ponto de vista individual, foi importante ver Doumbia a colocar novamente o seu nome na lista de marcadores: apesar de revelar ainda alguma ferrugem - o que é natural face à sua curta e irregular utilização - é fundamental que o costamarfinense comece a ganhar embalagem para dar o contributo que dele se espera na ultra-intensiva fase de jogos que (desejavelmente) teremos no primeiro trimestre de 2018. E Iuri deu finalmente um ar de sua graça, veremos se terá oportunidade de lhe dar continuidade frente ao Belenenses e mostrar ao treinador que pode contar com ele até ao final da época.
O resto do retorno mede-se na forma séria como a equipa encarou a partida, que denota compromisso com os objetivos do clube. Todos tiveram vontade de contribuir para o avolumar do resultado - basta ver como os centrais, à falta de desafios defensivos, faziam questão de se integrar ofensivamente, ou como, após os golos, Dost ia buscar a bola à baliza para a levar para o círculo central para acelerar o reatamento da partida -, e é visível o bom ambiente pela forma como se congratulavam mutuamente nos festejos e por outras pequenas interações que foram acontecendo.
Boa gestão e bom aproveitamento de um jogo que, à partida, nem teria muito para oferecer.
— Sporting CP Ultras (@ultras6p) 21 de dezembro de 2017