Enquanto via a primeira parte do clássico de ontem fui tendo a sensação de estar perante uma espécie de filme já visto. O Sporting realizou uma exibição sofrível durante os primeiros 35 minutos, encostado atrás na maior parte do tempo, com grandes dificuldades em sair a jogar e incapaz de circular a bola no meio-campo adversário. No fundo, uma reprise daquilo que já tinham sido os dois jogos anteriores com o Porto. Nem no resultado ao intervalo havia qualquer inovação. Nulo.
A segunda parte acabou por ser razoável. Aquilo que já tínhamos ameaçado nos últimos 10 minutos da primeira parte teve sequência na segunda. Mantivemos o jogo mais afastado da nossa área, conseguimos passar a circular a bola de forma mais segura. Infelizmente, revelámos (mais uma vez) pouco sentido prático nessa circulação quando nos aproximávamos da baliza de Casillas e, ironicamente, acabaríamos por sofrer um golo contra o que estava a ser a corrente do jogo nesse momento.
A segunda parte acabou por ser razoável. Aquilo que já tínhamos ameaçado nos últimos 10 minutos da primeira parte teve sequência na segunda. Mantivemos o jogo mais afastado da nossa área, conseguimos passar a circular a bola de forma mais segura. Infelizmente, revelámos (mais uma vez) pouco sentido prático nessa circulação quando nos aproximávamos da baliza de Casillas e, ironicamente, acabaríamos por sofrer um golo contra o que estava a ser a corrente do jogo nesse momento.
O regresso de Gelson - o melhor jogador do Sporting, o único que conseguiu, por si só, criar desequilíbrios. Não fez mais porque jogou muito isolado - Doumbia pouco ou nada acrescentou na construção, e Bruno Fernandes estava a jogar demasiado recuado -, mas nota-se perfeitamente a diferença quando o 77 está em campo.
A segurança de Rui Patrício - defendeu tudo o que tinha para defender - entre os postes e no um contra um. Era humanamente impossível impedir o golo de Soares.
Os últimos 10 minutos de cada parte - foram os únicos momentos do jogo em que o Sporting esteve nitidamente por cima no jogo, e que acabam por deixar um travo amargo no resultado alcançado. É verdade que o Porto teve mais oportunidades ao longo de toda a partida, mas a forma como terminámos a primeira e a segunda parte deixaram a sensação de que poderíamos, com um pouco de felicidade, ter saído do Dragão com um resultado favorável para a segunda mão (o que não quer dizer que fosse justo).
Falta audácia - não tem a ver com a opção de jogar com três centrais. Tem a ver com a aquela que é a atual ideia de jogo do Sporting: metemos poucos jogadores na área e imediações quando a bola está no último terço, metemos pouquíssimos jogadores a subir no terreno para aproveitar situações de contra-ataque. Ou seja, na generalidade do tempo andamos a jogar satisfeitos com o 0-0, sempre com mais receio de sofrer um golo do que com vontade de o marcar. Também ajudava se rematássemos mais à baliza quando estamos em condições aceitáveis de o fazer, em vez de optarmos quase sempre pela demanda obsessiva pela posição perfeita de finalização. Ao 4º jogo da época contra Benfica ou Porto, continuamos sem ter conseguido ser a equipa a apresentar melhor futebol. Ainda assim, este foi o menos mau de todos.
A arbitragem - campo completamente inclinado pelo árbitro João Pinheiro. Critério disciplinar aberrante, poupando vários cartões a jogadores do Porto em lances semelhantes que valeram amarelos a jogadores do Sporting, e uma enorme quantidade de faltas claras perto da área do Porto que decidiu não assinalar a nosso favor - e também fiquei com muitas dúvidas sobre se não terá havido falta de Corona sobre Bruno Fernandes no início do lance do golo do Porto. Começou logo mal quando decidiu dar amarelo a Coentrão e a Felipe, quando o primeiro nada fez para o merecer e o segundo lhe enfiou um dedo no olho enquanto lhe dava um sermão sabe-se lá sobre o quê. Nada a dizer na expulsão de Acuña.
Creio que o facto de a segunda mão apenas se disputar daqui a dois meses joga a nosso favor. Estou mais preocupado com a qualidade do nosso futebol do que com o resultado de ontem. Se a decisão fosse já para a semana, tenho muitas dúvidas de que a equipa fosse capaz de inverter o resultado da eliminatória e apurar-se para a final. Mas considerando tudo o que pode acontecer até lá, considerando o preenchido calendário que entretanto terá de ser cumprido, dois meses é quase uma eternidade. Estamos em desvantagem na eliminatória, é certo, mas o jogo decisivo será no nosso estádio. Está tudo em aberto.