Ainda estou a tentar perceber como é que uma derrota no estádio de uma das melhores equipas europeias dos últimos anos se transformou, de forma quase instantânea, numa espécie de apocalipse leonino. Os stocks de bom senso parecem ter-se esgotado em Alvalade a partir do momento em que vemos um assunto tão delicado - que devia ser tratado no interior do clube - a ser transformado numa espécie de duelo Instagram vs Facebook. É urgente que alguém consiga restaurar alguma racionalidade em ambos os lados, de forma a que o clube possa retomar a normalidade possível para atacar as três competições em que ainda está inserido.
Recuso-me a tomar partido por qualquer um dos lados porque ninguém é totalmente inocente nesta história. Nem sequer os jogadores, que podiam ter evitado esta tomada de posição pública e procurado dirigir os seus protestos pelos canais (internos) adequados. São as estrelas do clube mas não deixam de ser assalariados do clube e, definitivamente, não estão acima do clube. Ainda assim, é óbvio que existe um principal responsável por este clusterfuck: o presidente, que, sem motivo aparente, decidiu atear o rastilho que fez explodir o barril de pólvora que deixou o mundo sportinguista em chamas e não foi capaz (ou não teve interesse) de fazer um controlo de danos rápido de forma a não comprometer os objetivos que ainda existem para esta época. Pelo contrário, tudo o que fez a seguir ao post só veio piorar a situação.
A decisão de suspender a maior parte do plantel é incompreensível e totalmente desproporcionada. Em primeiro lugar, devia lembrar-se que os jogadores, ao anunciarem a sua posição de forma pública, não fizeram mais do que seguir o exemplo que vem de cima. Depois, está a desvalorizar ativos importantes do clube, passando para fora uma falsa ideia de falta de profissionalismo. E finalmente, está a danificar a imagem do clube, bastando para isso constatar o mediatismo que esta novela está a ter em todo o mundo.
Para resolver o problema no imediato terá de haver bom senso e cedências de parte a parte, admissões de erros, o quer que seja. Ir com a equipa B a jogo no domingo não é solução para nada, apenas vai piorar a situação, e isso tem de ser evitado a todo o custo. Primeiro há que recentrar o plantel nos objetivos em aberto para depois, então, se pensar na grande questão de fundo: depois do que se passou, que espaço ainda existe para Bruno de Carvalho no Sporting?
Como é que se estourou todo o capital de confiança dado pelos sócios num espaço de tempo tão curto? Juro que não sou capaz de compreender.