segunda-feira, 18 de junho de 2018

O meu voto na AG de destituição

No passado sábado ficámos a conhecer a Comissão de Gestão que ficará em funções caso Bruno de Carvalho seja destituído. Ouvi com atenção tudo o que foi dito e a sensação com que fiquei é que a única ideia que a  Comissão de Gestão liderada por Artur Torres Pereira tem neste momento é a retirada de Bruno de Carvalho do poder. Não responderam a qualquer pergunta sobre o que tencionam fazer relativamente à liderança da SAD nem apresentaram nenhuma estratégia de como fazer face às questões que preocupam atualmente todos os sportinguistas. 

É certo que não cabe a uma CG definir e aplicar um programa bem definido - é apenas uma comissão transitória que serve para manter a frota à tona até ser nomeado o novo almirante -, mas, neste momento, existem desafios urgentes e fundamentais para o futuro imediato do clube e SAD que exigem ideias bem definidas e a tomada de ações imediatas e concretas:

  • A preparação da nova época da equipa de futebol não pode esperar por uma mudança da equipa diretiva - é absolutamente prioritário definir a equipa técnica e reforçar o plantel de forma a que tenhamos em 2018/19 uma equipa competitiva com jogadores de grande potencial de valorização;
  • Não poderá haver hesitações relativamente às rescisões dos jogadores - foi contratado provavelmente o maior especialista na matéria e é necessário dar sequência imediata a todas as linhas de ação que estejam ao nosso dispor junto das instâncias desportivas e judiciais;
  • Há que garantir a concretização dos passos necessários para fechar o novo acordo de reestruturação que prevê a recompra de todas as VMOCs, o que permitirá que o clube volte a ter a esmagadora maioria da participação na SAD.  


Para já, a nova CG não fez qualquer referência ao que tenciona fazer em relação a estas três questões, reconhecendo Artur Torres Pereira que, para já, a principal preocupação é a coordenação dos membros que a compõem para conseguirem conjugar as suas vidas profissionais com as responsabilidades que agora assumem:

"O primeiro objetivo é encontrarmos a forma ideal de trabalharmos, porque eu estou rodeado de pessoas livres, pessoas com vida profissional própria, e portanto dentro deste enquadramento a primeira coisa que vamos fazer é encontrar a forma de nos organizarmos, de dividirmos as nossas funções, de nos atribuirmos as nossas responsabilidades, tendo apenas como objetivo estratégico a maneira de sermos mais eficientes em relação à missão que nos propomos levar a cabo".

É evidente que Artur Torres Pereira não pode deixar de começar por se organizar a si e à sua equipa, mas para mim fica perfeitamente claro que os timings desta nomeação não são compatíveis com as respostas que têm de ser dadas de imediato aos desafios que o clube está a enfrentar.

Isto, para mim, é um ponto absolutamente crucial para decidir o meu sentido de voto na próxima AG. Parece-me claro que só a direção de Bruno de Carvalho está apta a lidar com todos estes problemas com a urgência que as diversas questões requerem.

Não me entendam mal: não mudei a minha opinião em relação à necessidade de aparecer uma liderança alternativa. Perdi a confiança em Bruno de Carvalho em abril, pela forma como reagiu à derrota de Madrid - criticando publicamente os jogadores de forma totalmente desadequada e por trair os sócios ao quebrar uma promessa feita na última AG quando telefonou para a CMTV nesse mesmo dia - e como geriu depois o problema que criou. Percebi que não vale a pena manter a esperança que alguma vez irá conseguir (ou estar disponível para) corrigir os mesmos defeitos que já no passado tinham causado problemas muito graves ao clube. Acredito, no entanto, nas ideias que Bruno de Carvalho para o Sporting: ambição, exigência, transparência e rigor financeiro ao serviço do desígnio eclético do clube. Infelizmente, tenho enormes dúvidas de que Bruno de Carvalho tenha condições para executar as ideias que recuperou para o Sporting.

Ora, para mim, isto só se pode resolver com eleições para todos os órgãos sociais - ainda mais porque o atual CD está fragilizado e a um par de demissões de cair -, a realizar quando os três processos acima referidos já estiverem estabilizados e devidamente orientados. Ou seja, continuo a manter que setembro/outubro é a altura ideal.

Para além disso, como não estou disposto a abdicar do essencial do programa e das ideias de Bruno de Carvalho - mesmo estando disposto a abdicar do seu criador -, não vou contribuir para a sua queda no sábado, a ele e à sua direção, sem saber que nomes e programas se apresentarão para a sua sucessão.

Como tal, a não ser que algo de verdadeiramente relevante aconteça até sábado, votarei contra a destituição de Bruno de Carvalho.