terça-feira, 25 de setembro de 2018

Cair na realidade

Depois de seis jogos oficiais em que ganhámos cinco vezes e empatámos apenas uma, perder em Braga servirá certamente para o mundo sportinguista voltar a cair na realidade. Não com estrondo - porque perder em Braga há muito que deixou de ser um resultado escandaloso, porque tivemos ocasiões suficientes para conseguir outro resultado, e porque estamos a três pontos da liderança após termos feito duas das deslocações mais complicadas que esta liga tem para oferecer -, mas suficientemente relevante para nos relembrarmos que quando não se sabe jogar bem, quando não se sabe jogar coletivamente, de forma consistente, está-se mais perto de não ganhar. 



Raphinha mais dez - está a assumir o papel de destaque que no princípio da época passada coube a Bruno Fernandes. Foi de longe o jogador mais difícil de controlar e esteve perto do golo um par de vezes com remates de fora da área.

Onze mais consolidado - não que tenha servido de grande coisa hoje, mas é bom ver que Peseiro já percebeu definitivamente (espero eu) que Acuña tem de jogar a lateral. Mais um ajuste no bom sentido, depois de Raphinha ter ficado no banco nas duas primeiras jornadas e das experiências falhadas de Petrovic, Misic e Acuña ao lado de Battaglia.



Carências coletivas - à semelhança dos jogos anteriores, voltámos a não conseguir ver uma equipa capaz de ser superior à soma das suas individualidades. Isto deve-se às ideias (ou falta delas) do treinador, que não modela o nosso processo de construção em função dos pontos fortes dos nossos melhores jogadores: ter Nani, Bruno Fernandes, Raphinha e Montero em campo e encostar invariavelmente a bola à faixa lateral é uma aberração, limitando a capacidade de desequilíbrio e criando uma clareira no centro do terreno que depois acaba por ser um problema duplo quando o adversário recupera a bola e tem uma imensidão de espaço para jogar; pior fica quando a alternativa para fazer a bola chegar aos jogadores mais adiantados é o chutão para a frente dos centrais; e é constrangedor ver, em diversas ocasiões, jogadores a cruzarem para a área em situações de 2x5 ou 2x6, em que nenhum dos nossos dois é especialista no jogo aéreo. Mantendo esta "estratégia", certamente que o Sporting continuará a ganhar muitos jogos. Mas será por ter melhores jogadores, não por ter melhor equipa.

Carências individuais - creio que fica tudo dito quando precisamos de ir ao banco buscar um ponta-de-lança e só temos Castaignos. Compare-se agora com as alternativas que os rivais têm para a posição mais importante de uma equipa de futebol. Pois...

Falta de eficácia - duas oportunidades de Raphinha, o remate de Jovane bloqueaado por Tiago Sá, o cabeceamento de Nani defendido para canto, outro de Coates ao lado, dois remates a rasar o poste de Bruno Fernandes. Não foi por falta de oportunidades que não marcámos, mas também não se pode ignorar que: a) nenhuma das oportunidades foi finalizada por um ponta-de-lança; b) mesmo que fosse, não havia nenhum ponta-de-lança que seja um matador, pelo que o mais provável era que a bola não entrasse na mesma.


MVP - Raphinha

Nota artística - 2

Arbitragem - Artur Soares Dias adotou ontem o estilo inglês e decidiu deixar jogar. Ficaram alguns amarelos por mostrar, mas o essencial é que não teve influência no resultado.



Primeira derrota na época, primeira oportunidade para ver como reagirá o treinador e a equipa à adversidade. É obrigatório haver uma reação categórica no sábado contra o Marítimo, e não falo apenas ao nível do resultado. É preciso mostrar muito mais futebol.