segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Raio de luz

Pode não ter sido uma grande exibição do princípio ao fim, pode não ter havido um domínio constante, mas a vitória de ontem do Sporting sobre o Boavista foi incontestável e não terá deixado nenhum adepto insatisfeito. Um ténue raio de luz a rasgar a penumbra exibicional a que temos sido sujeitos. A primeira parte foi mastigada e na linha do que tem sido as exibições recentes, mas na segunda parte houve uma melhoria significativa ao ponto de podermos dizer que foi agradável de seguir. Pode não parecer muito, ainda mais tendo sido contra um adversário cujo objetivo será a manutenção, mas é um upgrade ao que foi o futebol do Sporting contra Poltavas, Loures e Qarabags, que também não são propriamente colossos europeus. Junte-se a isto os muito aguardados regressos de Mathieu e Dost, os primeiros bons pormenores de Diaby, uma nova bomba de Bruno Fernandes e um Nani ao melhor nível, e temos finalmente alguma coisa a que nos agarrarmos. Pelo menos até à próxima quarta-feira.



Os golos - o magnífico trabalho de Montero no primeiro golo de Nani, que devolveu os mortais a Alvalade; a combinação entre Montero e Diaby com o passe atrasado para o estouro de Bruno Fernandes; e o remate picado de primeira de Nani. Três golos bem trabalhados e de belo efeito que valeram a vitória mais folgada da época, uma noite tranquila e três pontos totalmente merecidos. Nota positiva para as exibições de Nani, Montero, Mathieu e Acuña, com alguns bons momentos de Diaby e Bruno Fernandes na segunda parte.

Os regressos - Mathieu voltou e realizou uma exibição muito sólida, tendo sido obrigado a um par de intervenções importantes na primeira parte. Dost teve a ovação da noite ao entrar após mais dois meses de ausência. Não teve tempo para muito, conseguindo apenas um remate sob pressão e duas ou três intervenções na ligação entre setores. Bruno César estreou-se na temporada e foi colocado no apoio a Dost. Três reforços que, cada qual da sua maneira, poderão acrescentar qualidade nos preenchidos meses de competição que vamos atravessar.



Corpos estranhos - Diaby demorou a entrar o jogo, mas a assistência para o golo de Bruno Fernandes pareceu-lhe dar confiança. Nota-se que Bruno Gaspar ainda não está na mesma página dos jogadores que ocupam terrenos mais próximos, como Coates, Diaby ou Bruno Fernandes. Gudelj raramente acrescenta algo com bola, alternando o alheamento na construção com passes disparatados.

Assobios - 8 minutos de jogo. O-i-t-o. Um passe em profundidade mal medido do Boavista morre nos pés de Renan. O Sporting tenta sair a jogar perante a pressão boavisteira. A bola vai para Mathieu, na esquerda, volta para Renan, que toca para a frente para Battaglia, que deixa em Mathieu, que vira para Coates que, pressionado, volta a dar a Renan, que devolve a Coates, que permite um corte e ganha lançamento. Ouvem-se assobios no estádio porque, aparentemente, há quem ache que a melhor maneira de se sair a jogar perante uma pressão adversária moderada é mandando um chutão para a frente. Junte-se a isso os vários assobios para as temporizações de Nani, que tem demonstrado frequentemente ser o jogador mais esclarecido em campo, os vários assobios para os cantos mal marcados (OK, aqui até compreendo), e os assobios no final porque os jogadores não se aproximaram da curva sul como de costume (depois de lhes terem devolvido as camisolas em Alverca, esperavam o quê?), e percebe-se bem que não é fácil ser-se jogador do Sporting nesta altura. Nunca é, verdade seja dita, mas agora ainda menos.



MVP - Nani

Nota artística - 3

Arbitragem - Carlos Xistra não teve um jogo difícil e soube geri-lo de forma competente.



Exibição e vitória sobre as quais talvez se possa iniciar uma série positiva de jogos. Segue-se a receção ao Estoril para a Taça da Liga na quarta-feira à noite (véspera de feriado) e uma viagem aos Açores para defrontar o surpreendente Santa Clara. É obrigatório ganhar os dois jogos, mas seria importante conseguir as vitórias de forma convincente. É fundamental que os (bons) jogadores que temos recuperem a confiança para voltarem a fazer aquilo de que são capazes.