
Nesse sentido, Tiago Fernandes pode dormir tranquilo com a consciência de dever cumprido. Não pôs nem podia pôr a equipa a jogar melhor apenas com um par de treinos, mas arriscou algumas alterações e fez o que pôde com aquilo que o jogo lhe deu e, com a colaboração do adversário, acabou por ser feliz e saiu dos Açores com três pontos preciosíssimos. Um desfecho que o clube agradece nesta fase tão turbulenta, pois é muito mais fácil corrigir o rumo em cima de vitórias.
Três pontos - nota artística baixa, mas o fundamental era obter os três pontos. Valeu-nos o sangue (duplamente) frio de Dost, ao ser obrigado a repetir a marcação do penálti, o hara-kiri de Patrick Vieira, e a irreverência de Jovane e o movimento anti-natura de Acuña no segundo golo. E não esquecer que foi alcançado em condições climatéricas pouco favoráveis, que contribuem para um aumento de aleatoriedade da forma como o jogo decorre.
Opções corajosas - Tiago Fernandes mexeu um pouco no esquema ao colocar Diaby no meio no apoio a Dost e lançou Lumor a lateral algo surpreendentemente, optando por colocar Acuña como extremo e recuando Bruno Fernandes para fazer a vez de um Gudelj mais adiantado. A opção de Diaby não resultou, pois raramente conseguiu fazer a ligação entre setores e nunca conseguiu explorar a profundidade. Lumor fez genericamente um bom jogo, mas teve responsabilidades repartidas no golo sofrido - sendo, ainda assim, um claro upgrade em relação a Jefferson. O treinador esteve bem ao mexer na equipa cedo: a troca ao intervalo de Jovane por Diaby melhorou o rendimento da equipa e o jovem extremo confirmou a apetência para ter impacto decisivo quando é lançado com o jogo a decorrer, com a assistência para o segundo golo. Acuña, que com as trocas posicionais feitas ao intervalo passou para a faixa direita, conseguiu uma exibição positiva da qual se destaca, obviamente, o golo da vitória.
Mais do mesmo - Peseiro saiu, mas o seu legado, para o bem e para o mal (infelizmente muito mais para o mal do que para o bem), tardará a desaparecer. Mais uma exibição desgarrada, pouco inteligente - tardou que a equipa percebesse que podia usar o forte vento a favor -, sempre muito mais em esforço do que em jeito, com muitos jogadores em subrendimento. Mais do mesmo, portanto.
A gestão dos últimos minutos - apesar de o Santa Clara estar com menos um, a equipa foi completamente incapaz de manter a bola afastada da nossa área nos minutos finais da partida. Várias situações arrepiantes que, com uma pequena dose de felicidade para o Santa Clara, poderiam ter dado o golo do empate e retirado dois pontos ao Sporting.
MVP - Acuña
Nota artística - 2
Arbitragem - bom trabalho de Manuel Mota. Decidiu bem todos os lances de dúvida na área, incluindo o penálti sobre Dost e manteve um critério disciplinar coerente ao longo de todo o jogo. Em relação à expulsão de Patrick Vieira, os aplausos irónicos justificariam um amarelo, mas deverá ter havido algo mais que só o árbitro e o jogador saberão.
Três pontos fundamentais que nos mantém a dois pontos de Porto e Braga. Para a semana recebemos o Chaves e os dois primeiros classificados defrontam-se no Dragão. Numa fase destas, nas circunstâncias que vivemos, não faz sentido pensar de outra forma: tem de ser jogo a jogo.