sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Entrincheirados

Entrincheirados. Contra uns gunners de reserva, Tiago Fernandes demonstrou ambição e arrojo ao apostar em Miguel Luís em vez de Petrovic no lugar que era de Battaglia. Queria uma linha média capaz de trocar a bola e estabelecer-se no meio-campo adversário, procurando sair com a bola jogável. No entanto, a realidade sobrepôs-se às boas intenções do técnico interino: a pressão alta do Arsenal anulou facilmente as nossas iniciativas com bola, acabando a história do jogo por se resumir a um Sporting enfiado na área sem capacidade para ameaçar a baliza de Petr Cech. Valeu-nos a disciplina tática e o espírito de sacrifício dos jogadores, que nos proporcionaram um resultado indiscutivelmente positivo face às circunstâncias. Ou seja, resumindo: foi mais um jogo à Peseiro, mas sem a parte do pé-frio.


Disciplina na resistência - o jogo teve um único sentido. Mesmo sendo verdade que o Arsenal não carregou demasiado na procura do golo, dominou claramente o jogo e encostou o Sporting à sua área. Ainda assim, foram poucas as situações realmente aflitivas: a disciplina tática e concentração dos nossos jogadores permitiu-nos anular quase todas as iniciativas inglesas. Destaque para Coates e Mathieu - que mesmo na expulsão esteve bem, evitando um mal maior -, e para a tranquilidade de Renan dentro e fora dos postes.

Coragem debaixo de fogo - a aposta em Miguel Luís faz todo o sentido numa perspetiva de futuro imediato. Querer sair a jogar em vez de recorrer ao chutão para a frente, também. Não resultou porque não há tempo de treino suficiente que anule os meses de vícios peseiristas, e há que reconhecer que o nível do adversário não ajudava ao sucesso da estratégia. Tiago Fernandes preferiu arriscar em vez de perder mais tempo, e fez muito bem. Mereceu a felicidade do resultado alcançado.

Invasão de Londres - absolutamente incrível o apoio dos sportinguistas que se deslocaram ao estádio. Foram enormes!



Cessar-fogo unilateral - 0 remates à baliza em 180 minutos contra o Arsenal é uma estatística aterradora que demonstra bem o estado atual do futebol do Sporting. Contam-se pelos dedos das mãos as vezes que conseguimos fazer 5 passes no meio-campo inglês. O momento mais angustiante foi vivido no único canto que conquistámos: em vez de tentarmos aproveitar a presença de Dost, Coates e Mathieu na área, optámos por marcá-lo de maneira curta, com passes sucessivos para trás até chegar ao círculo central, de onde bombeámos para... um fora-de-jogo. Ou seja, mais uma vez fomos completamente inofensivos e o empate acaba por ser um prémio que, do ponto de vista ofensivo, nada fizemos por merecer.

Missing In Action - ninguém pode pôr em causa o esforço dos jogadores durante os 90 minutos, mas não podemos ficar satisfeitos apenas com o empenho. A verdade é que, esforço e disciplina tática defensiva à parte, houve vários jogadores que foram uma completa nulidade. O flanco direito formado por Bruno Gaspar e Diaby funcionou terrivelmente - ofensivamente não me lembro de nenhuma incursão que chegasse ao último terço adversário, e defensivamente foi o local por onde o Arsenal conseguiu encontrar mais facilidades -, Bruno Fernandes continua a léguas daquilo que sabe fazer e teve a agravante de ter feito o atraso disparatado que provocou a expulsão de Mathieu -, e Montero foi incapaz de segurar uma bola e de utilizar os (poucos, admito) apoios que iam aparecendo. Tudo junto, não admira que tenhamos passado 90 minutos enfiados na nossa área.



O empate acaba por ser um excelente resultado, não só pela conjuntura atual do Sporting, não só pela forma como a partida decorreu, mas também pelo vitória surpreendente do Qarabag na Ucrânia, que nos coloca com pé e meio na fase seguinte da Liga Europa.