UM. A forma como o jogo decorreu acabou por apontar os holofotes noutras direções, mas deve ser sublinhada a importância de dois momentos de Raphinha para que a tarde fosse tão tranquila: o golo inaugural após interceção oportuna e finalização de classe; e a desmarcação e drible sobre Muriel que, para evitar o iminente segundo golo do brasileiro, fez falta para cartão vermelho - praticamente sentenciando o destino dos três pontos. Pode não ter tido tanto a ver com a goleada como outros colegas, mas nenhum outro jogador esteve tanto na génese desta vitória como Raphinha.
DOIS. Mais um jogo, mais um golo de Luiz Phellype. Com alguma colaboração de Guilherme Oliveira, é certo, mas mais um golo. Depois de algumas dificuldades iniciais - a utilização esporádica não ajudou, certamente -, o brasileiro contratado ao Paços teve o mérito de aproveitar da melhor forma a lesão de Dost e já leva sete golos nos últimos seis jogos para o campeonato. Desde que veio para o Sporting, leva uma interessante média de um golo marcado a cada 97 minutos. Se lhe acrescentarmos as 3 assistências que já soma, então temos uma ação decisiva a cada 68 minutos. Nada mau para uma contratação de 500.000 euros. Ontem, para além do golo já referido, teve influência direta em dois dos golos de Bruno Fernandes: foi sobre Luiz Phellype que foi cometido o penálti do 1-4, e foi autor de delicioso trabalho pela direita que culminou num passe altruista para o capitão fazer o 1-5.
TRÊS. Os três golos marcados fazem de Bruno Fernandes a figura do jogo, que elevam para 31 (trinta e um) os tentos apontados na época colocam-no como o médio mais concretizador da história do futebol europeu numa só época. Mas não foi apenas isso: fez também o passe de régua e esquadro que desmarcou Raphinha no lance da expulsão de Muriel, o passe para o golo de Dost (não conta como assistência porque o holandês apenas marcou na recarga), e ainda uma assistência no golo de Luiz Phellype. Ou seja, mais uma exibição superlativa a preencher uma época de antologia.
QUATRO. Foi o cenário ideal para o regresso de Bas Dost, cerca de dois meses após o seu último jogo, considerando que o fosso psicológico em que o ponta-de-lança estava metido. Muito aplaudido no momento em que foi para o aquecimento e muito aplaudido quando entrou, precisou apenas de dois minutos para faturar e foi visível a alegria do holandês e de todos os seus colegas pelo regresso aos golos. Teve ainda uma ação decisiva no último golo, com uma simulação em que deixou a bola à mercê de Doumbia.
CINCO. Estreias a marcar de Gudelj e Doumbia, e de Borja a assistir. Mais uma assistência para Acuña e Diaby.
SEIS. Não foi preciso ao Sporting acelerar muito para ir para o intervalo com uma vantagem de dois golos. A segunda parte prosseguiu num ritmo médio e foi baixando gradualmente ao ponto de permitir ao Belenenses subir de forma mais insistente e chegar ao golo - mau passe de Mathieu e má abordagem de Borja, Ljujic passa com facilidade por Coates e remata cruzado para defesa incompleta de Renan (podia ter feito melhor) que Licá aproveitou da melhor forma. O golo da equipa da casa teve o condão de despertar o Sporting, que daí para a frente aumentou de forma drástica os níveis de agressividade e velocidade - que se traduziram em mais 6 golos no espaço de 25 minutos.
SETE. Bela tarde de primavera, que, para além da goleada, serviu de adaptação ao relvado e à iluminação natural do Jamor com vista à final da Taça de Portugal. Foi pena que não houvesse mais sportinguistas nas bancadas.
OITO. Para além do registo histórico do número oito (Bruno Fernandes), os oito golos marcados são também assinaláveis. É preciso recuar 52 anos para encontrarmos outro jogo em que uma equipa marcou pelo menos oito golos num jogo do campeonato português na condição de visitante (Beira Mar 0-9 Benfica). O Sporting, em particular, não marcava tanto para o campeonato na condição de desde 1940 (Leixões 2-9 Sporting) (dados @playmaker_PT). Goleada histórica.