terça-feira, 18 de junho de 2019

Balanço da época, nº 4: Médios


Nemanja Gudelj: **

Passou a primeira metade da época como peixe fora de água - primeiro, ao lado de Battaglia ou Petrovic no inócuo duplo-pivot de Peseiro; depois, como vértice mais recuado de um triângulo que incluía Wendel e Bruno Fernandes -, alternando exibições sofríveis com um ou outro jogo mais bem conseguido. Gudelj não se deu nada bem com o período Keizerball - em que tinha de tapar a subida em simultâneo dos dois laterais e havia a vertigem de saída de bola ao primeiro toque independentemente do nível de pressão adversário -, mas começou finalmente a consolidar o nível exibicional a partir do momento em que o modelo de Keizer entrou na sua fase mais conservadora, terminando a época como um defensor bem mais competente do que era quando chegou. Ofensivamente, raramente ofereceu algo à equipa - nem sequer houve um vislumbre da boa meia distância que supostamente possui.

Tendo sido um indiscutível para Keizer mesmo quando o seu rendimento deixava muito a desejar, suponho que o treinador deseje a sua continuidade na próxima época. Um desejo que poderá esbarrar no vencimento do jogador, que não fez o suficiente para justificar o teto salarial do Sporting. Pessoalmente, espero que não continue, porque não será difícil ao Sporting encontrar e contratar um jogador mais barato e com maior apetência para ser o médio defensivo de que precisamos.


Rodrigo Battaglia: *
2017/18: **

Época para esquecer devido à grave lesão que contraiu no início da época. Até esse momento foi titular indiscutível, mas sem nunca se destacar da mediania geral.

Segundo o que se diz, Sousa Cintra aumentou-lhe significativamente o salário aquando do seu regresso após a rescisão. O jogador já disse publicamente que sente estar na hora experimentar outros campeonatos. Parece-me que nenhum sportinguista ficará muito aborrecido se Battaglia for à sua vida, nem estou a ver o clube a fazer o que seja para dificultar essa saída - com Francisco Zenha à cabeça. Não vai deixar saudades.


Radosav Petrovic: *

Ficará na memória pelo espírito de sacrifício demonstrado na final da Taça da Liga, ao jogar um longo período com o nariz desfeito. Desenrascou como central, mas é trinco e aí fica muito aquém das necessidades.

Ainda tem mais um ano de contrato, mas está na altura de Petrovic e Sporting seguirem cada qual o seu caminho.


Marcus Wendel: **
2017/18: -

Depois de seis meses perdidos com Jesus, Wendel parecia condenado a ser um investimento completamente falhado quando se percebeu que também não contava para Peseiro. No entanto, Keizer não hesitou em apostar imediatamente no brasileiro. Na fase Keizerball, Wendel destacou-se de imediato pelos atributos ofensivos, mas os desequilíbrios da equipa obrigaram-no, posteriormente, a ter um posicionamento mais fixo e mais recuado - o que não o ajudou a brilhar. Ainda assim, foi sempre um jogador muito útil e esforçado, justificando plenamente a titularidade naquela que foi, para todos os efeitos, a sua época de estreia na Europa.


Miguel Luís: *

Foi lançado por Tiago Fernandes (para ser totalmente rigoroso, Peseiro deu-lhe 1 minuto de utilização contra o Loures), e Keizer utilizou-o com alguma frequência para substituir o lesionado Wendel, mas Miguel Luís perderia o espaço com a recuperação do brasileiro e a contratação de Doumbia. Revelou-se um jogador útil e pouco mais, esforçado, certinho com a bola nos pés. 

Suponho que, em 2019/20, o empréstimo a um clube da I Liga seja o mais benéfico para o clube e para o jogador.


Idrissa Doumbia: * 

Contratação de inverno que demonstrou qualidades que poderão vir a ser importantes no futuro. Alia uma capacidade física bastante acima da média a uma qualidade técnica interessante, faltando-lhe a disciplina tática necessária para poder ser um indiscutível no onze. Há também a questão da posição: o Sporting precisava que Doumbia fosse mais 6 do que 8, mas isso apenas aconteceu em situações de indisponibilidade de Gudelj. 

Teremos de esperar para ver como Keizer irá aproveitar o jogador na próxima época: será concorrente de Wendel na função de box-to-box ou lutará pela titularidade como médio defensivo?


Bruno Fernandes: ***
2017/18: ***

Não há muito mais que se possa dizer sobre o extraordinário desempenho de Bruno Fernandes. Desde que acompanho o futebol do Sporting, só há um jogador que tenha feito uma época comparável: Jardel, em 2001/02. Um líder no campo pela sua personalidade e pelo exemplo que dá em campo em termos de mentalidade competitiva e esforço colocado em cada jogada, está facilmente no top 3 dos jogadores que já vi alinhar no Sporting.

A sua mais que provável venda representará uma baixa impossível de colmatar, no entanto parece-me que esta é a altura certa de fazer o negócio. O Sporting já perdeu muito por não saber identificar o momento certo em que um jogador deve ser vendido.


Francisco Geraldes: -

Mais um ano adiado. Está visto que não conta para Keizer, pelo que é pouco provável que continue.


Bruno Paz: -

Deu belíssimas indicações nos poucos minutos que alinhou contra o Vorskla. Que recupere bem da grave lesão que sofreu há uns meses.