terça-feira, 30 de julho de 2019

Custo de oportunidade

No passado domingo, quando tinham decorrido 61 minutos do jogo de apresentação aos sócios, Marcel Keizer decidiu mexer pela primeira vez na equipa. Tirou de campo Mathieu, Borja, Dost e Vietto, lançando Neto, Acuña, Luiz Phellype e... Diaby. Estou a ser totalmente franco quando digo que fiquei imediatamente com vontade de sair do estádio quando me apercebi que o extremo maliano tinha entrado em campo.

Não tenho nada contra o homem e o profissional, mas, enquanto atleta, a totalidade da época 2018/19 foi mais que suficiente para demonstrar que o maliano não é nem nunca será jogador para o Sporting. Muito longe disso. Quando um colega lhe endossa a bola sem ser no pé, há 50% de hipóteses de Diaby cometer um erro - seja na avaliação do tempo e do espaço ideal para receber a bola para prosseguir a jogada, seja na própria qualidade do controlo do esférico. Isto é mau para qualquer jogador, mas é particularmente dramático para um extremo que, supostamente, tem na velocidade a sua qualidade mais diferenciadora. Nas ocasiões em que consegue dar sequência à jogada, entra depois em equação um segundo fator: a elevada probabilidade de se enrolar com a bola ou tomar uma decisão absurda. No domingo, proporcionou-nos mais uma triste demonstração da sua inabilidade quando protagonizou o momento insólito da tarde, ao cair sozinho à entrada da área do Valência depois de arrancar em velocidade.

A sua entrada deixou-me preocupado e a sentir-me um pouco defraudado. Preocupado, porque sabemos que Keizer é muito fiel aos seu núcleo duro de jogadores e o maliano é um deles. Se ficar no plantel, vai jogar com frequência. Defraudado, por uma questão de expetativas: depois das promessas feitas por esta direção na construção de um plantel mais competitivo, nunca me passou pela cabeça que teria de aturar mais um ano de Diaby. Não é apenas por não me sentir preparado para novos momentos de vergonha alheia que também é nossa. É também - e mais importante - pelo custo de oportunidade da sua utilização: cada minuto dado a Diaby é um minuto que Plata, Camacho ou Jovane não terão para crescer. E considerando o conjunto de extremos que temos, o sucesso desta equipa irá depender muito daquilo que os três jovens conseguirão evoluir com o decorrer da temporada.

P.S.: falo em Diaby por ser o caso (para mim) mais gritante, mas a conversa aplica-se também, em certa medida, a Ilori (face a Ivanildo e Quaresma) e, eventualmente, a Bruno Gaspar (face a Thierry). Que não se agravem os erros cometidos na época passada dando-lhes novas oportunidades para, inevitavelmente, nos voltarem a desiludir.

P.S.2: Agosto está aí à porta e nenhum dos principais problemas de excedentários (Viviano, Jefferson, André Pinto, Petrovic e Alan Ruiz) está resolvido. Bem sei que têm salários elevados que não são fáceis de impingir a outros clubes... mas não se fecha nem um desses dossiers?!