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Futebol miserável. Por muitos problemas e indecisões que persistam na composição do plantel a um par de dias do fecho da janela de transferências, nada pode justificar a paupérrima qualidade do futebol apresentado pelo Sporting contra o Rio Ave. Com e sem bola. Grande parte das responsabilidades está no duplo pivot de Keizer, que pouco constrói e que anda às aranhas quando o adversário tem a bola. Wendel parece preso a uma corrente invisível que o impede de fazer o transporte de bola para o meio-campo adversário. Doumbia teve uma prestação absolutamente horrível, ao ponto de me fazer suspirar por Battaglia. Mas, verdade seja dita, o duplo pivot é só parte de um gigantesco problema coletivo. A equipa não ataca como um bloco, não pressiona nem defende em bloco, cada jogador parece estar entregue a si próprio. O foco incidirá muito sobre Coates pelos dois penáltis cometidos (o outro foi oferta dos homens do apito), mas a verdade é que os centrais são mais vítimas do que culpados, já que são demasiadas as vezes que ficam expostos a situações de um contra um na área ou lá perto.
Treinador paralisado, falta de ambição. Não são apenas problemas técnico-táticos. É inadmissível que o Sporting, vendo-se a ganhar com um golo aos repelões a 40 minutos do fim, decida defender o resultado em vez de ir para cima do adversário para tentar matar o jogo. Keizer só se lembrou de meter jogadores de características ofensivas quando se viu a perder, já nos descontos, provocando um coro de assobios totalmente justificado.
Gestão (?) de plantel. Keizer teve oportunidade de lançar Camacho ou Plata em Portimão: com 3-1 e um adversário em quebra física, estavam reunidas as condições ideais para dar 10/15 minutos a um dos miúdos. O jogo podia não precisar que os lançasse, mas fazia sentido numa perspetiva de integração gradual, já pensando em jogos futuros. Não o fez. Hoje, em desespero, lançou um desses miúdos. Plata teve a sua estreia oficial na equipa principal do Sporting em desvantagem no marcador, em desvantagem numérica, com uma equipa mentalmente e fisicamente de rastos, e com a obrigação de ter impacto imediato nos cinco minutos que restavam. Isto não é gestão de plantel, é acreditar em contos de fadas.
Encomenda. Quando um árbitro assinala um penálti como o segundo da noite, quando o VAR não lhe chama a atenção para uma repetição que demonstra sem lugar para dúvidas de que não existiu qualquer falta, não ficam quaisquer dúvidas sobre as intenções de quem dirigia a partida. Os outros dois penáltis aceitam-se, como se teria aceitado se João Pinheiro tivesse assinalado um penálti por empurrão sobre Raphinha. Infelizmente, a capacidade visual parece mudar em função da cor das camisolas, e o amigo de Nuno Cabral apenas vislumbrou as que aconteceram na nossa área. Um azar que já tinha acontecido em Portimão, convém relembrar. Se, no ano passado, em que ficámos fora da luta pelo título muito cedo, conseguiram transformar-nos na equipa mais indisciplinada da Liga, alguém teria dúvidas do que nos iriam fazer caso começássemos a incomodar? Pensar que os árbitros nos vão tratar melhor só porque somos simpáticos... é digno apenas de quem acredita em contos de fadas. Mas, hey, se a direção não se preocupa com isso - até à hora que escrevo não houve qualquer reação dos responsáveis do clube -, por que é que nós nos haveríamos de preocupar?