terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Rui Pedro Braz e a manchete do i

Se há coisa que podemos concluir ao longo do último ano, é que, para uma grande percentagem de comentadores, será preciso haver uma confissão assinada para reconhecerem a existência indícios de atos ilícitos em tudo o que tem vindo a público sobre o Benfica. Até lá, nega-se, desvaloriza-se, finge-se que tudo é normal. O palavreado utilizado por quem se recusa a ver algo de grave nos emails não é particularmente variado, pelo que nos temos vindo a habituar cada vez mais a expressões como "uma mão cheia de nada", "vazio de conteúdo", "não pode valer tudo" ou "querem matar o futebol português".

À frente deste vasto pelotão de analistas e opinadores isentos, aparece, obviamente, Rui Pedro Braz. Aqui fica um apanhado de alguns dos seus comentários sobre a polémica dos emails:


Braz parece fazer questão de ignorar que os emails são provas documentais - se poderão ser utilizadas ou não em tribunal, isso é outra questão - que, em alguns casos, demonstram sem margem para quaisquer dúvidas a existência de tráfico de influências e que, noutros, apontam fortemente para a existência de corrupção. E há também uma imensidão deles que permite perceber, de forma clara, que existe toda uma rede organizada que, de forma ilícita, tenta obter vantagens indevidas dentro e fora de campo.

Por tudo isto, esperar-se-ia, por uma questão de coerência, que os comentadores recorressem à mesma reserva na análise da notícia de ontem do jornal i. No mínimo. É que enquanto os emails são "palpáveis" e indesmentíveis - já todos passaram a fase em que diziam ser falsos -, sobre a investigação de eventual tráfico de influências de Bruno de Carvalho não há absolutamente nada de concreto. Não havendo arguidos, não havendo ainda quaisquer conclusões, não se conhecendo o objeto do que está a ser investigado, sendo a investigação um passo obrigatório perante uma denúncia, a única conclusão aceitável teria de estar ao nível de "uma mão cheia de nada". Ou não? Vejamos o que Rui Pedro Braz teve a dizer sobre o assunto:


Depois de tantas mãos cheias de nada, eis que, para Rui Pedro Braz, surge finalmente algo de relevante. Esta manchete do i - ao contrário de todas as outras manchetes que vieram a confirmar-se pífias, desmentidas ou não confirmadas - é relevante. 

Carlos Janela deve estar orgulhoso deste seu menino querido, pois o desbobinar da cartilha - perdão, das notas soltas - não se fica por aqui:


Querer meter esta investigação que, até ver, não tem absolutamente nada de concreto, ao mesmo nível do conteúdo dos emails do Benfica, das suspeitas de aliciamento a jogadores adversários e do Apito Dourado, é o maior exercício de desonestidade intelectual que me lembro de ver em muito tempo. Já não ouvia um spin deste calibre desde que o mesmo Rui Pedro Braz tentou transformar o lucro do Sporting num défice positivo...