Miguel Amaro tem um espaço no site do Record. Não é um dos mais escribas com maior visibilidade do jornal, mas já anda nisto há cerca de 15 anos. No dia 24 escreveu o seguinte:
Gostaria de destacar o último parágrafo.
Escrevo isto por considerar que, depois destas palavras, Bruno de Carvalho nunca mais puderá justificar as derrotas com erros de arbitragem.
Primeiro o acessório: ver um jornalista escrever "puderá" é preocupante. Não pelo erro em si, que acontece a todos, mas porque pelos vistos o Record já não tem dinheiro para comprar licenças de corretores ortográficos. Temo pelo futuro do jornal.
Agora o essencial: acho extraordinária a forma como Miguel Amaro transformou a declaração de Bruno de Carvalho, feita na sequência de um mau jogo do Sporting em que houve um erro de arbitragem com influência no resultado, numa lei que terá que ser seguida para toda a eternidade pelo presidente do clube.
Está criado portanto o Teorema de Amaro. E como qualquer teorema, temos que considerar os corolários que daí advêm.
- Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira, ao contrário de Bruno de Carvalho, podem continuar a justificar as derrotas com erros de arbitragem
- Bruno de Carvalho nunca mais poderá justificar as derrotas com erros de arbitragem mesmo que a equipa tenha jogado bem
- Bruno de Carvalho nunca mais poderá justificar as derrotas com erros de arbitragem mesmo em situações de jogos consecutivos com erros de arbitragem a prejudicar sistematicamente o Sporting
Enfim, não me parece que a conclusão que Miguel Amaro tirou das palavras de Bruno de Carvalho faça muito sentido. Para mim, a interpretação correta é que o Sporting terá que dar sempre tudo em campo de forma de forma a ser uma equipa dominadora e, como consequência, que permita minimizar os danos de potenciais más decisões dos árbitros.
Tudo isto demonstra a pobreza do dirigismo futebolístico e da generalidade dos jornalistas que acompanham o fenómeno: não é comum existirem atitudes louváveis de dirigentes, mas quando estas aparecem os jornalistas não têm ou inteligência ou vontade para relevar o que é importante. Que tal esta minha frase para um teorema?