quinta-feira, 7 de novembro de 2013

As lições de português de Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares, jornalista, cronista, comentador, escritor, é uma figura que dispensa apresentações. É um homem sem papas na língua. Diz e escreve aquilo que pensa, não tendo problemas em apontar o dedo a políticos, banqueiros (desde que não seja Ricardo Salgado, presidente do BES e sogro da filha de MST) e, no panorama futebolístico, a benfiquistas, sportinguistas e a Silvestre Varela.

Homem de ideias fixas, tem um estilo fácil de identificar: desbobina argumentos atrás de argumentos para suportar as suas teorias (que nem sempre correspondem à realidade), e ignora factos que não se alinhem com aquilo que quer vender a quem o lê. Por isso não gosto particularmente de o ler no Expresso, quando escreve sobre política.

No entanto, gosto de o ouvir falar na SIC, porque tem pouco tempo e é obrigado a escolher uma argumentação mais sintética e verdadeira (afinal na televisão em direto nunca se sabe quando pode surgir algum contraditório).

Mas tenho que confessar que ADORO lê-lo no jornal A Bola. É o meu guilty pleasure.

Miguel Sousa Tavares deve aproveitar para dar descanso ao cérebro quando escreve a sua página semanal n'A Bola, porque os momentos surreais que nos oferece sucedem-se semana após semana. 

Podia falar sobre a perseguição absurda que MST faz aos seus ódios de estimação, Vítor Pereira (o antigo treinador do seu clube) e Silvestre Varela, e os elogios incondicionais e despropositados a Iturbe e a Quintero.

Podia falar naquilo que MST escreveu sobre as tardes de futebol, a propósito do Sporting - Arouca ter sido jogado às 4 da tarde, mas já fiz um post sobre isso.

Podia falar sobre a forma preguiçosa como MST escreve para o jornal A Bola. Seja por escrever assim, seja por ocupar parágrafos a mencionar assuntos que não têm qualquer relevância, como longas dissertações sobre o ténis ou ao desfazer-se em auto-elogios por ter abatido duas perdizes com apenas dois tiros de espingarda.

Nada disso. O tema deste post é para agradecer o serviço público que MST prestou esta semana na sua rubrica semanal em A Bola. Não achando relevante escrever sobre a péssima prestação da sua equipa contra o Belenenses, MST preferiu retomar os incidentes extra-futebol do Porto-Sporting e acusar Sporting e jornais de Lisboa de quererem responsabilizar o Porto pelo sucedido.

Pois bem, MST decidiu dissecar o comunicado que o Sporting fez sobre o assunto.
"Posto o que, os gentlemen de serviço ao futebol português se ocupavam em dar uma lição de moral e boas maneiras aos portistas: 'Há coisas na vida que nunca mudam, a nobreza de carácter é uma delas, ou se tem, ou não' (a pontuação é deles)."


MST fez-nos o favor de apontar uma frase do comunicado do Sporting com um pobre uso da pontuação. De facto teria ficado melhor "a nobreza de carácter é uma delas: ou se tem, ou não".

Foi uma infelicidade para todos nós sportinguistas que MST, sendo autor de inúmeros livros e crónicas, tenha detetado o erro e aproveitado para rebaixar o Sporting através de uma área em que é efetivamente especialista: a escrita.

Mas vamos ser positivos: lições de bom português nunca são demais, para um povo com o nível de literacia como o nosso.

Já agora, vamos ler só mais umas linhas...


"indentificativos"? Bravo, Miguel Sousa Tavares.

“Nós já temos um palhaço." - MST, 24/05/2013