terça-feira, 15 de abril de 2014

Capas que não fizeram história, nº 29: Pesos mortos

                                                                                                                                         
Com a desvinculação de Elias, a direção do Sporting pôs fim a um processo fundamental para o equilíbrio orçamental do clube. Foram pesadas as heranças, em termos de salários, deixadas pela direção anterior. Casos como Elias, Labyad, Jeffren, Boulahrouz, Onyewu, Bojinov, Gelson Fernandes, Schaars, Evaldo, ou Pranjic, representavam largos milhões de encargos salariais sem um retorno desportivo condizente, o que era particularmente grave num clube que necessitava de fazer grandes cortes nos seus custos operacionais.

Por isso os sportinguistas acabaram por festejar a saída de Elias como se de uma vitória num jogo do campeonato se tratasse. O encerramento do dossier Elias significa que os parcos recursos do clube poderão ser canalizados para recursos que acrescentem valor ao plantel.

Apesar de esta consciencialização das questões financeiras nos clubes de futebol ser uma coisa recente (pelo menos para mim, admito), o que é facto é agora dou por mim a percorrer os relatórios e contas como se estivesse a ver um balanço do rendimento desportivo de um determinado jogador.

É natural que os adeptos de Benfica e Porto não olhem para questões de dinheiro como nós olhamos. Não viveram ainda momentos aflitivos como nós, pelo que a maior parte não se quer incomodar com assuntos menores com a questão do dinheiro necessário para pôr um clube de futebol a funcionar.

Compreende-se por isso que poucos benfiquistas estejam preocupados com a situação deste seu jogador:

Agosto de 2012

Carlos Martins, vindo de um empréstimo no Granada na época de 2011/12, foi reintegrado no Benfica para fazer a pré-época de 2012/13, naquele que seria o seu último ano de contrato. Aproveitou bem a oportunidade: fez exibições de encher o olho e marcou 4 golos em 7 jogos da pré-temporada. Apesar de estes lampejos de brilhantismo serem frequentes em Carlos Martins, Luís Filipe Vieira deve ter pensado que a inconsistência e problemas físicos do jogador seriam coisas finalmente ultrapassadas, decidindo renovar o contrato com o médio de 30 anos até 2016 (altura em que terá 34 anos), oferecendo-lhe um salário melhorado.

A esta prova de confiança da estrutura no jogador, Carlos Martins correspondeu... sendo o Carlos Martins do costume. A irregularidade e as lesões acabaram por fazer com que fosse utilizado em apenas 415 minutos no campeonato (inferior a 5 jogos completos), e esteve diretamente ligado à perda do campeonato pelo Benfica ao ser expulso no jogo com o Estoril a poucas jornadas do fim, que acabaria empatado e deixaria o Porto novamente dependente de si para renovar o título.

Ao que se diz, Carlos Martins ganha cerca de €2M anuais (cerca de €160.000 / mês), enquanto vai tendo uma vida tranquila nos treinos e jogos da equipa B. É o chamado paraquedas dourado, uma pré-reforma luxuosa que mete inveja até aos ex-políticos que foram premiados com cargos honorários em empresas como a EDP ou Caixa Geral de Depósitos.

"O Benfica não estará a precisar de um administrador não-executivo?" - pergunta-se Catroga