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Primeiro, a ironia: ver o Benfica, clube que se auto-apregoa como paladino da luta pela verdade desportiva, a negoceiar um acordo com João Loureiro, um dirigente com o passado que todos conhecemos. Para além de ter sido um dos principais implicados no Apito Dourado, ainda tem o bónus de ter enterrado financeiramente o clube, abandonando-o à sua sorte quando foi evidente que não existiam soluções fáceis, e só voltou à presidência quando começou a cheirar o regresso do clube à primeira liga.
Depois, a questão ética: será que não é discutível que um canal detido por um clube possa comprar os direitos televisivos de outro clube que participa na mesma competição? Não haverá algum tipo de conflito de interesses numa operação dessas? Ainda por cima colocando sobre a mesa a possibilidade de emprestar vários jogadores a esse clube como parte do negócio?
Se o Benfica comprar os direitos televisivos do Boavista, isso significará que a principal fonte de receitas do clube do Bessa dependerá exclusivamente de um outro clube que participa na mesma competição. Não poupemos nas palavras: o Boavista ficará financeiramente dependente do Benfica. Para além disso, se o Benfica emprestar vários jogadores ao Boavista, já sabemos que só poderão participar em 32 dos 34 jogos da época -- mesmo que os regulamentos permitam que joguem os 34.
Só sou eu que vejo questões éticas graves numa operação destas?