Enquanto se escoavam os últimos minutos de jogo que terminariam numa humilhante derrota, dei por mim a pensar que muito provavelmente a nossa seleção sub-21 ganharia nas calmas esta partida. Não há nada que se aproveite do jogo realizado em Aveiro: resumiu-se a um punhado de jogadores amorfos que parece que nunca jogaram juntos na vida e a um treinador incapaz de os motivar e de os trabalhar de forma a serem algo sequer parecido a uma equipa dentro das quatro linhas. Que Paulo Bento já deu o que tinha a dar, já todos os sportinguistas perceberam - é um filme que conhecemos demasiado bem. Capacidade zero para se reinventar e para sair da sua zona de conforto à procura de melhores soluções. Mas num desastre destes as responsabilidades não se podem resumir às escolhas e trabalho do selecionador. Quaisquer que fossem os onze escalados para entrar em campo, apenas a vitória seria um resultado aceitável.
Os albaneses festejam o golo obtido segundos antes |
Os problemas evidenciados ontem vão muito para além da não presença de Ronaldo. Esta derrota é o culminar de anos de inação dos responsáveis federativos, cujos méritos se resumem a uma parceria com o Continente que permite continuar a encher estádios por esse país fora para assistir a sequências de jogos que nunca ultrapassam a mediocridade. Qualquer dia têm que dar 100% de desconto em cartão. Usa-se a imagem de Ronaldo, sacam-se uns largos milhões a patrocinadores, e está o trabalho feito. Não houve o mínimo esforço para proteger o jogador português, deu-se carta branca a um selecionador cujos caprichos levam-no a desperdiçar uma parte considerável do escasso talento que tem à sua disposição, e parece haver uma total falta de capacidade de evoluir na continuidade.
O apuramento para o Euro 2016 não está em risco. No limite, vencendo na Albânia e fazendo 4 pontos nos dois jogos com a Arménia será suficiente para o 3º lugar e garantir a presença nos playoffs. Se São Ronaldo decidir aparecer num desses dias, contra um adversário do nível de uma Hungria ou Eslováquia, lá conseguiremos ser uma das vinte e quatro seleções apuradas. Mas para fazer o quê?
Começo a pensar que introduzirmos 2 ou 3 jogadores novos no meio daquele núcleo duro de 12 que efetivamente manda no balneário não nos servirá de nada - apenas servirá para moldar gente que chega motivada ao espírito conformista e de passeio que os que lá estão claramente demonstram. Podia-se tentar uma nova abordagem: meter 12 miúdos novos, juntar-lhes os poucos do núcleo duro que efetivamente parecem esforçar-se dentro de campo (Coentrão, por exemplo) mais umas adições recentes (William, por exemplo), e ver no que dá. Se as coisas correrem bem (dificilmente será pior que isto) no princípio da próxima época reintegram-se os consagrados que na altura ainda estiverem a demonstrar competência nos seus clubes (provavelmente Ronaldo, e poucos mais). Mudar o balneário, porque este já entrou em falência total. E com outro selecionador, claro.