quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A velha cartilha

                                                                                                                                                        
A desagradável polémica que envolveu recentemente Manuel Fernandes e Bruno de Carvalho abriu a discussão sobre o papel que os comentadores ligados aos grandes (e mais concretamente do Sporting) devem ter nos diversos programas semanais que inundam o espaço audiovisual em Portugal.

Pessoalmente, e limitando-me aos participantes ligados ao Sporting, acho importante que sejam pessoas independentes da direção, que conheçam profundamente o clube e os adeptos que representam, que saibam elogiar aquilo que é bem feito, e criticar construtivamente o que é mal feito. Outra característica que me parece essencial é que não sejam ingénuos ao ponto de pensar que os seus interlocutores são todos indivíduos desinteressados sem qualquer tipo de agenda.

Isto vem a propósito de algo que aconteceu no princípio desta semana. Eduardo Barroso, no programa Prolongamento, referiu que Manuel Serrão lhe revelou que recentemente alguém lhe tinha pedido que confrontasse o ex-presidente da AG sobre o caso Luís Aguiar - numa tentativa de o descredibilizar. Manuel Serrão (que pode ter os seus defeitos, mas que sempre me pareceu uma pessoa independente) recusou-se a fazê-lo. Coincidência das coincidências, houve um outro comentador noutro programa que se prestou a fazer esse serviço pouco tempo depois. 


Eduardo Barroso está a falar de Rodolfo Reis, que no programa Play-off atacou-o de uma forma completamente descontextualizada do tema que em cima da mesa, de uma forma que nada teve de espontâneo - o momento em que saca dos óculos para ler o nome que tinha anotado no caderno não engana ninguém.


Não me vou aqui a pôr considerações sobre quem terá ou deixará de ter razão no caso Luís Aguiar - tenho uma opinião formada sobre o assunto que se baseia exclusivamente na reputação profissional das duas pessoas em causa -, porque se trata de um caso antigo e sobre o qual nada de novo foi escrito ou dito. O que me parece relevante neste caso é que, apesar de muitos acharem que se deve ignorar este tipo de programas, é inquestionável que alguns clubes usam-nos como parte da sua estratégia de comunicação.

Como tal, reafirmando que aprecio a independência dos nossos representantes - porque é importante haver quem critique construtivamente quando há motivos para isso -, seria bom que todos eles tivessem plena consciência que não estão numa conversa desinteressada entre amigos.

Há duas semanas, não era preciso ser-se uma pessoa particularmente atenta para ter reparado que enquanto Manuel Fernandes reagia às duras palavras de Bruno de Carvalho, era constantemente encorajado pelo mesmo Rodolfo Reis com os seus "Fala Manel, fala". Rodolfo não estava interessado que o amigo Manel desabafasse para aliviar o seu espírito. A ideia era, como é óbvio, tentar ampliar o mais possível um foco de instabilidade aberto no Sporting. Assunto que, ainda no domingo passado, Rodolfo Reis procurou por várias vezes reavivar tentando picar o amigo Manel. Uma dessas situações pode ser vista no vídeo abaixo.


O Porto sempre trabalhou de forma muito próxima com os seus paineleiros, usando este meio de forma recorrente para atingir os seus fins. É bom que todos os representantes sportinguistas tenham plena consciência disso.