quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Inadmissível

Bruno Prata será certamente um ser humano com muitas qualidades, mas não será propriamente um mestre no que toca à sua fluência oratória quando fala em português, e muito menos quando se aventura na pronunciação de palavras noutros idiomas ou de nomes de jogadores e treinadores de outros países. Ontem, no programa Grande Área, Bruno Prata revelou ao público que as suas dificuldades com línguas estrangeiras não se limitam à questão da pronunciação - estendendo-se também à compreensão do que é dito ou escrito:


Na realidade, não se tratou *apenas* de má compreensão. Bruno Prata disse que "há informações que a UEFA considerou inadmissível a forma como o Sporting protestou", como quem diz que a UEFA não só rejeitou as pretensões do Sporting, como também salientou a natureza totalmente inapropriada do protesto feito pelo clube. E rematou com adjetivando o protesto do Sporting de "risível".

"Inadmissível", em português, pode ter de facto várias interpretações:


Mas "inadmissible" no contexto em que a UEFA julgou o protesto do Sporting refere-se à impossibilidade de a argumentação ser considerada válida ou aceite. Aliás, nem existe outro tipo de interpretação possível do termo em inglês:


Ou seja, Bruno Prata (e outras pessoas ligadas a outros clubes) assumiram (por ignorância ou por malícia) o sentido mais forte (intolerável) do termo em português, mas na realidade essa interpretação não encontra correspondência na palavra em inglês.

O que é efetivamente inadmissível é ver um jornalista que não só foi incapaz de interpretar corretamente a natureza da decisão da UEFA, como ainda teve o desplante de construir uma mini-narrativa ("há informações que") para insinuar uma espécie de raspanete ou sermão público que a UEFA teria pregado ao Sporting. A esta atitude de Bruno Prata a palavra "inadmissível" adequa-se na perfeição.