sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Jesus e o top-10 dos treinadores

A FIFA revelou recentemente a lista de 10 treinadores candidatos à Bola de Ouro 2014:

  • Ancelotti (Real Madrid)
  • Conte (Juventus)
  • Guardiola (Bayern)
  • Klinsmann (EUA)
  • Low (Alemanha)
  • Mourinho (Chelsea)
  • Pellegrini (Manchester City)
  • Sabella (Argentina)
  • Simeone (Atletico Madrid)
  • Van Gaal (Holanda)


Seis treinadores de clubes (2 de Espanha, 1 da Alemanha, 2 de Inglaterra e 1 de Itália) e quatro selecionadores nacionais - o que é normal num ano de mundial.

Quem se sentiu injustiçado por não constar nesta lista foi Jorge Jesus.


Que Jesus se tem em muito boa consideração não é novidade para ninguém - afinal ainda há poucos meses afirmou sentir-se o melhor treinador do mundo. Tenho a opinião que Jesus se tem em demasiada boa conta, mas admito que o treinador tinha legítimas aspirações a fazer parte deste lote de nomeados.

A favor de Jesus está o facto de ter ganho, durante o ano de 2014, um total de 4 competições internas (Taça da Liga, Campeonato, Taça de Portugal e Supertaça) num país que aparece no top 5 do ranking da UEFA. Foi à final da Liga Europa, tendo perdido apenas nos penáltis e inclusivamente eliminado a Juventus, cujo treinador é um dos 10 candidatos. O facto de ter conseguido manter-se em todas as competições (Champions à parte) até ao fim é algo que deveria ser levado em consideração, pois não é fácil para qualquer equipa - por muitos recursos que tenham.

Por outro lado, Jesus está a caminho de ser mais uma vez eliminado da Champions ainda na fase de grupos, apesar de o Benfica ter sido uma equipa de pote 1 nas duas últimas épocas (Benfica e Porto foram as únicas equipas do pote 1 a serem eliminadas na época passada).

A principal conclusão que se pode tirar é que a importância dada à Liga Portuguesa é bastante mais pequena daquilo que gostaríamos - e, na minha opinião, há motivos para isso. Temos um campeonato altamente desequilibrado e em que a diferença de recursos entre os clubes é abissal. No ano passado, perante o colapso do Porto, seria inadmissível (no sentido de intolerável :) ) Jesus não ganhar o campeonato com o plantel que tinha ao seu dispor.

Se Jesus quiser efetivamente provar que se trata de um dos melhores treinadores do mundo, vai ter que sair da sua zona de conforto e ir para uma liga mais competitiva.

Mas a realidade é que há mais escolhas discutíveis nesta lista da FIFA. Não está Jesus, mas está Conte, que ganhou o scudetto com 18 pontos de avanço sobre o 2º classificado, mas que também foi eliminado da Champions e não foi tão longe na Liga Europa. Mourinho não ganhou nada, tendo sido eliminado nas meias-finais da Champions pelo Atletico Madrid e em 3º na liga inglesa (ultrapassado pelo Liverpool de Brendan Rogers, que não foi nomeado). Unai Emery, que ganhou a Liga Europa com o improvável Sevilha, também ficou esquecido nesta lista.

E ao nível dos selecionadores está, na minha opinião, a maior injustiça de todas. Se Low, Sabella e Van Gaal são compreensíveis (os 3 primeiros da competição), não estar o treinador que fez isto...


... é incompreensível. Jorge Luis Pinto devia definitivamente fazer parte dos 10 melhores do ano de 2014.

No fundo temos: os quatro semi-finalistas da Champions (que incluem o campeão alemão e espanhol), o campeão de Itália, o campeão de Inglaterra, os três selecionadores melhor classificados no mundial... e Klinsmann (?!). Percebe-se que o que realmente a FIFA considera importante é a Champions, as 4 principais ligas europeias, o Mundial e... politiquices (piscadela de olho ao futebol dos EUA).

Em relação ao vencedor, na minha opinião só poderá sair do duo Simeone / Low - mas acho que o argentino merece mais.