É normal que os índices de motivação e concentração no palco da Champions sejam incomparavelmente mais elevados que um jogo típico da liga portuguesa. A visibilidade internacional, o estimulo da competição propriamente dita e o ambiente envolvente devem mexer com qualquer grupo de jogadores que quer provar o seu valor defrontando os melhores. E nesse sentido, o comportamento do Sporting na principal prova mundial de clubes não tem defraudado as nossas expetativas.
Mas seria bom que se conseguisse transferir alguma da motivação adicional da Champions para as competições internas. Tem sido demasiado frequente o Sporting oferecer partes inteiras de avanço aos adversários, e não creio que as dificuldades sentidas se expliquem exclusivamente pelo melhor conhecimento que equipas nacionais têm dos nossos jogadores e sistema de jogo.
Parece indiscutível que tem havido uma certa displicência na abordagem inicial às partidas, que obriga depois a equipa a ter que procurar resolver jogos num espaço de tempo mais curto perante adversários galvanizados com o avançar do relógio, ao mesmo tempo que nos coloca a jeito para que erros graves de arbitragens possam ter influência decisiva no resultado.
A qualidade das ideias de jogo e dos jogadores são mais que suficientes para ultrapassar confortavelmente a maior parte dos adversários de consumo interno, mas não se pode dizer o mesmo do foco da equipa. A recuperação desse foco para os desafios da liga é o principal desafio de Marco Silva para logo. Entrar a todo gás para resolver o mais rapidamente possível. Temos qualidade para o conseguir, mas é preciso fazer pela vida.