terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Evolução dos custos com pessoal dos três grandes

A rubrica dos custos com pessoal nos relatórios e contas das SAD's traduz aquilo que normalmente é denominado por "orçamento". Basicamente inclui os salários dos jogadores, equipa técnica e estrutura, prémios de jogo ou por conquista de objetivos, seguros e indemnizações.

Os gastos com as contratações não estão incluídas nos custos com pessoal, pois o seu valor é assumido como custo gradualmente em função da duração do contrato do jogador. Se o jogador X for contratado por €5M e assinar um contrato de 5 anos, o clube assume €1M de custo por ano até ao final do contrato.

Assim sendo, as despesas com pessoal acabam por representar a principal fatia dos custos de um clube e são um excelente indicador para avaliar a disparidade de recursos das diferentes equipas.

Ao longo do tempo tenho mostrado a evolução dos custos com pessoal dos três grandes. Acrescentando-lhe os dados dos relatórios e contas dos 1º trimestre de 2014/15, o gráfico fica assim:


Neste momento, o Sporting tem custos com pessoal que rondam pouco mais de um terço daquilo que Porto e Benfica andam a gastar. É uma diferença abissal, que nem assim se tem refletido numa grande diferença de qualidade de futebol praticado (a diferença de pontos atual do campeonato é muito enganadora, como todos sabem) - o que abona muito a favor do trabalho que a direção, equipas técnicas e jogadores do Sporting têm feito.

O lucro de €24,6M é um número impressionante mas que deve ser encarado com cautela. Uma fatia significativa desse lucro provém das mais-valias conseguidas com a venda de Marcos Rojo, mas esse valor terá que ser retirado caso o TAS dê razão à Doyen no diferendo sobre a venda do argentino. A direção parece confiante em relação a um desfecho favorável do caso, mas é melhor não contarmos com o ovo no dito da galinha.

De qualquer forma são números muito positivos. No espaço de dois anos o orçamento do Sporting foi reduzido para metade. Para percebermos a dificuldade desta redução, basta imaginarmos a revolução que haveria na nossa vida pessoal se fossemos obrigados a passar a viver com metade do que dispomos agora num espaço de dois anos. A qualidade de vida seguramente seria afetada, e certamente que teríamos de tomar decisões muito difíceis sobre os bens e serviços de que teríamos que abdicar - e que atualmente tomamos como garantidos.

Há muitas coisas que no Sporting que poderiam estar melhor? Sim, infelizmente é uma realidade. Mas é também uma inevitabilidade perante o nível de sacrifício que foi necessário impôr a todas as áreas do clube.