domingo, 4 de janeiro de 2015

A defesa foi o melhor ataque

Este foi provavelmente o jogo mais sólido que o Sporting conseguiu realizar esta época. O Estoril vale mais do que a atual classificação deixa transparecer, causou imensos problemas a Benfica e Porto, mas hoje em Alvalade simplesmente não existiu graças sobretudo à forma como o Sporting impediu que construísse jogo. 

Do ponto de vista da nota artística as coisas andaram frouxas durante a primeira parte, mas o Sporting controlou sempre o jogo, teve algumas oportunidades para marcar, e justificava perfeitamente a vantagem que tinha ao intervalo. Na segunda parte a produção ofensiva foi bastante mais evidente (João Mário entrou bem no jogo e o Estoril começou a arriscar mais), tendo como consequência mais dois golos e uma mão cheia de oportunidades de golo iminente. Vamos aos destaques:



Positivo

Defender em 80 metros de terreno - serão poucos os segredos sobre este Estoril que Marco Silva não conhecerá, e isso pode ter sido importante na forma como o Sporting começou a ganhar o jogo através da forma como defendeu desde a entrada da área adversária. O Sporting impediu que o Estoril construísse jogo através de uma pressão intensa em todo o campo, que foi incapaz de contornar esta malha que foi colocada à sua volta. Os visitantes não criaram qualquer lance de perigo enquanto o resultado não estava decidido, e ainda cometeu vários erros forçados que geraram situações de golo para o Sporting.

Bis de Adrien - que Adrien costuma ser o pulmão da equipa não é novidade para ninguém, mas hoje foi absolutamente decisivo. Um enorme golo a desbloquear a partida e outro de penálti a fechar a contagem, que surgiu de uma jogada que foi o próprio Adrien a criar ao recuperar a bola e entregando-a em bandeja de ouro a Carrillo, que sofreria de seguida a falta. Inevitavelmente a figura do jogo.  

Jefferson de volta - um regresso que se saúda de um perigo ambulante para o centro da defesa dos adversários, apesar de ser um lateral. A verdade é que lhe bastam três palmos de espaço para sacar um cruzamento teleguiado para as costas da defesa que põe em pânico os centrais adversários. Boas iniciativas ofensivas, cruzou para Carrillo na jogada do primeiro golo, e fez uma excelente combinação com Slimani no lance do segundo.

Fonte: Twitter do Sporting CP

Até já, Slimani - mais um jogo de grande qualidade, sobretudo pelo excelente trabalho e intensidade na pressão sobre os defesas adversários. Teve duas oportunidades de golo: numa a bola bate no braço de um defesa do Estoril (pareceu penálti) e no outro marcou com grande oportunismo. Esperemos que não faça muita falta nos próximos jogos.

A genialidade de Nani e Carrillo - Nani acabou por não estar envolvido diretamente em nenhum golo, mas teve pormenores absolutamente deliciosos. Seja na condução da bola, nos incríveis passes a desmarcar companheiros ou naquela dança no interior da área do Estoril que só por um enorme acaso não acabou em golo, já nos habituámos a esperar que aconteça magia quando toca na bola. Carrillo foi absolutamente explosivo: esteve em dois golos (criando o lance do primeiro - com a colaboração de Anderson Esiti - e sofrendo o penálti que deu origem ao terceiro), teve uma jogada fabulosa no princípio do jogo que terminou com uma bomba de fora-da-área defendida muito a custo por Kieszek, e mais uma mão cheia de boas iniciativas. Está a crescer a olhos vistos, e isso reflete-se na consistência do seu futebol.

A expulsão de Nani - não é bonito ver coisas destas acontecerem, mas era inevitável. Esteve bem a estrutura de futebol ao dar o recado a Nani para forçar o segundo amarelo. Entre estar ausente contra o Famalicão ou contra o Braga, a escolha era óbvia. O problema está nos regulamentos: não se percebe porque é que não obrigam que as suspensões sejam cumpridas todas na própria competição.


Negativo

Amarelos escusados - Nani vê o primeiro amarelo por protestos. Tinha razão no objeto do protesto (sofreu uma falta à entrada da área que Artur Soares Dias não assinalou), mas já devia saber que não pode esperar grande tolerância dos homens do apito. O outro amarelo foi para Maurício, por causa de uma falta dura perto da linha do meio-campo (!), num lance que não trazia qualquer perigo para a nossa baliza... mais palavras para quê?


Exibição de muito bom nível contra um adversário complicado. Terceira vitória consecutiva para o campeonato no meio de um ciclo complicado (Nacional, Estoril, Braga e Rio Ave). Regresso de dois jogadores importantes que estavam ausentes por lesão. E, acima de tudo, pacificação entre presidente e treinador. Nada mau para começar o ano.