segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Dinamitando a pedreira com explosivos japoneses

Há finais de jogo épicos e este foi definitivamente um bom exemplo. Uma bomba de um jogador pouco utilizado no último segundo da partida causou uma explosão de alegria em jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos, que depois de semanas tremendamente difíceis mereciam que a sorte lhes sorrisse desta forma. Verdade seja dita que fizemos o suficiente para evitar este final emocionante - o Sporting foi a melhor equipa da partida (em particular durante a segunda parte), e dispôs de oportunidades de golo suficientes para vencer o jogo de forma menos dramática. Não me queixo, no entanto: a festa que todos testemunhámos no relvado foi devidamente replicada na minha sala, e compensou largamente os noventa e tal minutos de sofrimento vividos até ao assombroso livre marcado por Tanaka.



Positivo

A bomba de Tanaka - o japonês foi o herói improvável da partida, que colocou justiça no resultado em grande estilo. Um livre marcado de forma irrepreensível que nenhum guarda-redes do mundo conseguiria defender.


As ações defensivas de William - não esteve bem ao nível do passe, mas defensivamente fez um jogo tremendo. Recuperou inúmeras bolas e conteve várias iniciativas ofensivas do Braga, mas destaco uma ocasião em que evitou um golo ao tirar a bola dos pés de um jogador da equipa da casa à entrada da área, que se preparava para fazer a recarga a uma grande defesa de Rui Patrício a remate de Pardo.

Carrillando pela direita - se Nani foi o homem em maior destaque na primeira parte - mas foi demasiado individualista e pouco consequente - na segunda parte foi a vez de aparecer Carrillo como o principal criador de lances de perigo. Mas o peruano sobressaiu pela forma objetiva e criteriosa como municiou o resto da equipa. Por pouco que não marcou num remate desviado por um defesa do Braga. 

O quarteto defensivo - muito bom jogo dos quatro elementos. Os laterais fizeram um excelente trabalho em anular a maior parte das iniciativas do Braga (com destaque para Jefferson, que apanhou o perigosíssimo Pardo pela frente) e os centrais venceram praticamente todos os duelos em que tiveram que intervir. Um ou outro erro pontual não mancha uma prestação geral muito positiva de toda a defesa.

Silêncio, que está a jogar o Sporting - o Braga esteve por cima do jogo em períodos relativamente reduzidos (e os que existiram foram principalmente na primeira parte), mas na segunda parte a partida teve praticamente um único sentido. O público bracarense sentia-o e o seu silêncio era um indicador bastante elucidativo da forma como o jogo decorria. Nem as várias tentativas que o speaker fez para puxar pelo público resultaram: no estádio só havia microfone aberto para a onda verde.


Negativo

A finalização, outra vez - não foi por falta de oportunidades que o Sporting não resolveu o jogo mais cedo. Os primeiros 15 minutos da segunda parte foram particularmente ricos em ocasiões de golo criadas, que foram sendo desperdiçadas sucessivamente sobretudo por demérito nosso. No entanto seria injusto não realçar a excelente exibição de Matheus.

Critério disciplinar - que Hugo Miguel é um árbitro permissivo, já se sabia. Mas mais uma vez o critério que seguiu para amostragem de cartões foi, no mínimo, discutível. Por volta dos 5 minutos de jogo, Aderlan vira um jogador nosso do avesso. Hugo Miguel dá - e bem - a lei da vantagem e quando o jogo é interrompido mantém o amarelo no bolso, preferindo avisar o jogador do Braga. Passados alguns minutos, Paulo Oliveira faz uma falta igualmente dura, o jogo segue também devido à lei da vantagem, mas Hugo Miguel desta vez não perdoa: amarelo. Adrien vê na segunda parte um amarelo por faltas consecutivas, mas Baiano e Rafa (só para dar alguns exemplos) fizeram o mesmo sem verem qualquer cartão. E aquele "amarelo" a Matheus quando derruba Tanaka fora da área...


Teatro, teatro e mais teatro - foram inúmeras as tentativas dos jogadores do Braga para amarelarem os nossos jogadores. Qualquer toque num jogador bracarense, por mais ligeiro que fosse, era inevitavelmente seguido por uma exibição de dor lancinante. Felizmente que este árbitro não foi na conversa, mas um "disciplinador" do tipo Manuel Mota chamar-lhes-ia um figo.



Há tradições que vale a pena alimentar. Mais uma vitória contra o Braga, um adversário difícil que acaba invariavelmente derrotado quando encontra umas riscas verdes e brancas horizontais pela frente. Entretanto subimos à terceira posição e ampliámos uma sequência de resultados muito interessante que mostra que a equipa está pronta para aproveitar qualquer deslize que os dois primeiros classificados possam fazer.