quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Lenha peruana para aquecer a noite

O jogo não começou propriamente bem. Apesar de Marco Silva ter colocado 4 médios e avançados que muito provavelmente serão titulares contra o Braga (dando sinal que não estava disposto a correr muitos riscos), a equipa apareceu em campo disposta apenas a cumprir os serviços mínimos: jogadores estáticos que esperavam que a bola chegasse até eles em vez de a procurarem, alguma aversão ao contacto físico e disputa de bolas divididas e lentidão na circulação de bola. Apenas Carrillo de vez em quando procurava aquecer o ambiente e conseguiu atear fogo no magnífico golo que marcou. 

Na segunda parte já houve mais animação - à medida que as pernas dos jogadores do Famalicão iam acumulando desgaste -, os espaços começaram a aparecer e mesmo em modo de poupança de esforço o Sporting criou bastantes ocasiões para marcar, justificando totalmente a vitória, o desnível no resultado e o apuramento para as meias-finais.




Positivo

O golo de Carrillo - mais um momento de magia do peruano, que inaugurou o marcador com um desvio acrobático. Se o karate kid marcasse um golo provavelmente seria assim. De destacar também a visão de William e a execução da assistência: viu Carrillo a arrancar pela direita e fez um passe teleguiado de quase 50 metros para as costas dos centrais. Teve outros bons momentos, como aquela combinação com Montero na segunda parte que acabou por não ter a finalização merecida. Está em grande forma.

As assistências de Tanaka - fez o passe para João Mário rematar para 2-0 (com a ajuda do defesa do Famalicão), o cruzamento perfeito para o cabeceamento de Paulo Oliveira no 3-0 e o passe de morte para Montero no 4-0. Nada mau para uma noite de trabalho.

Mais um passo sólido na integração de Tobias - não teve muito trabalho, conforme se esperava em função do adversário, mas esteve bem sempre que teve que intervir (incluindo um corte bastante vistoso a ceder canto perto do final). Correspondeu inteiramente às expetativas e fica a curiosidade para saber quando Marco Silva apostará nele num jogo de grau de dificuldade superior - o que, já todos percebemos, é neste momento apenas uma questão de tempo.

Os outros meninos: Esgaio e Podence - não estiveram muito tempo em campo, mas também tiveram participações positivas. A poucos minutos do fim conduziram a meias um lance de contra-ataque delicioso que Esgaio acabaria por não concretizar. Boas indicações para o futuro.

Os adeptos do Famalicão - vieram em bom número e de gargantas bem afinadas. Este ano apenas os adeptos do Schalke fazerem mais barulho que eles. Não tiveram nenhum golo para festejar mas fizeram a festa quando o seu guarda-redes defendeu o penálti.


Negativo

Os assobios a Carlos Mané - sim, é verdade que o miúdo teve uma noite muito pouco inspirada - em que o ponto mais baixo foi o egoísmo que revelou ao não oferecer o golo a Tanaka e tentar driblar sem sucesso o guarda-redes do Famalicão - e sim, já com o Estoril esteve muito apagado. Mas que raio, isso justifica que seja assobiado em Alvalade? Já se esqueceram que há 2 jornadas atrás foi Mané que nos deu os 3 pontos, coisa que também já tinha feito contra o Arouca? Há oito meses atrás envergonhou-me a assobiadela monumental que um jovem talentoso teve que ouvir no nosso próprio estádio ao ser substituído ainda na 1ª parte contra o Estoril. Lembram-se de quem era? Estão a ver aquilo que está a jogar agora? Pois.


Saí do estádio com as pernas congeladas e o nariz a pingar, mas valeu a pena. Qualificação para as meias-finais alcançada, lançamento de (mais) promessas da academia já a pensar no futuro (próximo num caso, a médio prazo noutros dois), e um golo incrível de Carrillo. Foi uma boa noite em Alvalade.