Lamento, mas não acompanho a interpretação generalizada que corre por aí sobre a faixa exibida pelos adeptos do Porto no jogo com o Belenenses. Isto é tudo menos uma mensagem de protesto.
É um daqueles casos em que a vontade de metaforizar acabou por desvirtuar o significado "literal" da faixa. A verdadeira explicação é simples e está aos olhos de toda a gente: trata-se de uma faixa que retrata uma procissão, em que o objeto de culto é carregado num andor (Vieira, Jesus e Eusébio, ou seja, o Benfica), com os fiéis a caminharem de forma ordeira logo atrás.
Lá está: "seguir uma procissão é seguir Jesus". Não sou eu que o digo, é a Wikipedia.
Falava-se muito numa Santa Aliança entre os dois clubes, mas pelos vistos o que estamos a assistir é um processo de conversão em massa. Os santos padroeiros portistas deixaram de fazer milagres e os fiéis começam agora a olhar com admiração e reverência para o poder demonstrado pelo novo messias. Neste departamento temos que dar o devido crédito aos portistas: não há ninguém melhor que eles para conseguirem identificar as verdadeiras manifestações de poder divino no futebol português.
Se o processo de conversão decorrer de forma eficiente pode ser que o Benfica se aproxime em breve dos tais 6 milhões de adeptos que tanto gostam de apregoar.