Não é surpreendente que o Sporting tenha acabado por ter um papel tão pouco ativo na janela de transferências de inverno. Sabendo-se que o rigor financeiro é uma prioridade para esta direção, a liberdade de movimentos estaria diretamente dependente das saídas de jogadores do atual plantel de forma a não comprometer o cumprimento do magro orçamento que temos para esta época.
Neste sentido, a colocação de Capel e Miguel Lopes (jogadores demasiado caros para o contributo desportivo que têm dado) noutros clubes poderiam representar uma folga importante para a folha salarial do Sporting a ponto de se poder ambicionar um empréstimo de um jogador com outros argumentos. Infelizmente isso não foi possível, e o leque de opções de mercado para o Sporting manteve-se demasiado fechado.
Desportivamente, as contratações de janeiro costumam ser mais um salto de fé do que uma aposta totalmente convicta. Quem tem pouco dinheiro para gastar só pode correr atrás de sobras de outros clubes que, por um motivo ou por outro, não se conseguiram impôr na primeira metade da temporada. É bem sabido que transferências no mercado de inverno que transformam positivamente o rendimento de uma equipa - como aquelas que nos trouxeram André Cruz, César Prates e Mbo Mpenza em 2000 - são a exceção e não a regra.
Portanto, entre gastar algum dinheiro num jogador que dificilmente faria a diferença e não gastar de todo, prefiro a segunda opção. Mas é um facto indesmentível que com a saída de Maurício ficamos com menos alternativas no eixo da defesa enquanto Ewerton não estiver recuperado - sendo que a data de regresso é uma incógnita. No ano passado dizia-se que Shikabala precisava de 1 ou 2 meses para ficar apto, mas acabou por ser convocado apenas no último par de jornadas. Esperemos que as coisas corram melhor com o central brasileiro (falo do ponto de vista físico, já que a questão do profissionalismo entre o brasileiro e o egípcio não é de todo equiparável).
Neste momento Paulo Oliveira é incontestavelmente dono de um dos lugares, e Tobias tem tido um rendimento dentro das expetativas para a sua idade. E se houver algum azar pontual (suspensão ou lesão ligeira), Rabia e Sarr até podem chegar para as encomendas (dependendo do adversário que nos calhar nesse momento). No entanto, é preciso termos consciência que a rede de segurança é neste momento demasiado frágil para o caso de surgir uma lesão prolongada ou um abaixamento súbito de forma de algum dos titulares.
Falou-se também na hipótese de contratar outro ponta-de-lança. A meu ver já era uma necessidade discutível quando Slimani abalou para a CAN. O argelino não ficaria ausente assim tantos jogos, e Montero e Tanaka asseguravam profundidade suficiente para a posição nesse período, mesmo tendo características diferentes. E a verdade é que os dois cumpriram plenamente o seu papel, ajudando ativamente ao desempenho 100% vitorioso da equipa enquanto Slimani esteve ao serviço da seleção. E com o regresso de Rúbio deixou de fazer sentido qualquer tipo de investimento nesta posição - seria impossível conseguirmos contratar melhor que uma 3ª ou 4ª opção).