segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Notas soltas sobre o Benfica - Sporting


  • Para mim ficou bem demonstrada a importância de colocar a Liga Europa num patamar inferior ao das competições nacionais. Não quero dizer com isto que seria impossível o Sporting ganhar na Luz se tivesse utilizado o melhor onze contra o Skenderbeu, mas tenho dúvidas que conseguisse controlar o jogo durante toda a segunda parte da forma categórica que todos tiveram a oportunidade de ver. Jesus só se viu obrigado a fazer duas substituições: uma aos 78' (Adrien estava compreensivelmente cansado e já com um amarelo) e outra aos 85' (para a ovação do também amarelado Slimani, e para fazer o statement da aposta da formação com Gelson). Por outro lado, Ruiz e Teo, dois suspeitos do costume para saírem antecipadamente de campo por cansaço, aguentaram-se (e bem) durante os 90 minutos. A meu ver, a vitória de ontem começou a ser construída com a excelente gestão de plantel realizada na Taça de Portugal e Liga Europa.
  • A saída de Carrillo do lote dos jogadores disponíveis causou um óbvio problema, mas está visto que Jorge Jesus não perdeu o jeito de fazer aparecer os Manéis. Não só já começou a produção de dois grandes extremos para o futuro - Gelson e Matheus -, mas o principal destaque terá que ser dado à tal semi-adaptação de João Mário. Até agora está a ser um sucesso, e não só permite a Jesus apresentar uma equipa defensivamente mais sólida como também não tem comprometido do ponto de vista de volume de jogo ofensivo. Há menos João Mário do que Carrillo nas alas, do outro lado Ruiz também foge muito da linha, mas há mais espaço para os laterais aparecerem. Será uma estratégia para continuar a seguir contra equipas teoricamente mais fracas e que se fecharão no último terço de terreno? Diria que não, que com o Estoril regressará um extremo puro (até pela ausência de Adrien por castigo). Mas é muito positivo constatar que Jesus consegui montar dois planos A's, dando-lhe uma flexibilidade importante na escolha de soluções táticas em função das características do adversário.
  • Esteve bem Jorge Jesus a fazer referências simpáticas em relação aos adeptos do Benfica, apesar da receção hostil que teve. Jesus já tem demasiados anos disto para perceber que se trata de uma reação normal de quem vê um dos seus a passar para o outro lado da barricada, e fica sempre bem tratar com respeito os adeptos que o apoiaram durante a maior parte do seu percurso no clube da Luz. A campanha feita contra Jesus pelos dirigentes e máquina de comunicação encarnada é que é o verdadeiro "crime" em toda esta novela. Vieira não queria que Jesus continuasse no Benfica, mas queria controlar-lhe o destino. Este é o ponto fulcral, e tudo o resto - SMS, software, processo de 14 milhões - é folclore. Vieira não foi homem para assumir a sua escolha e preferiu armar-se em vítima. E passados 4 meses ainda não explicou devidamente o que o levou a tomar a decisão de trocar de treinador. 
  • Sem surpresa, ninguém ouviu uma palavra de Vieira após a derrota de ontem. A novidade é que desta vez nem Rui Costa falhou.
  • Não falando Vieira, podemos continuar a contar com os recados mandados via os avençados do costume. José Manuel Delgado não perdeu tempo, com este artigo de opinião inenarrável:

  • Ao contrário do que pessoas como José Manuel Delgado tentam fazer crer, Bruno de Carvalho não ataca clubes pelo puro prazer do conflito e provocação. Não se vai virar para o Porto, porque o Porto não lhe tem dado motivos para isso, coisa que não se pode dizer do Benfica. E Delgado esquece-se que vai haver outro dérbi para a Taça de Portugal daqui a um mês. Junte-se isso a assuntos que ainda não estão devidamente encerrados, como o Football Leaks, e parece-me claro que as antenas de Bruno de Carvalho continuarão (justificadamente) apontadas para o outro lado da segunda circular.