O Sporting a um nível paupérrimo. Apesar de tudo, foi o árbitro, e não o adversário, a resolver. Ou seja, a Taça da Liga no seu melhor. Não me ocorre resumir o que se passou hoje de outra forma. Resultado: Sporting fora da competição, depois de ter feito o mínimo dos mínimos para passar. Podia ter-se colocado a salvo dos erros do apito se jogasse um pouco mais? Podia. Mas, desportivamente falando, devia ser obrigado a jogar mais apenas para se colocar a salvo dos erros do apito? Não, porque (supostamente) não é para isso que os árbitros lá estão. Rui Oliveira, mais um internacional prematuro cuidadosamente desenvolvido pelo Benfica Lab, esteve à altura dos pergaminhos da Taça Lucílio Baptista.
A peça à volta da qual se devia construir a equipa - Bas Dost não sabe jogar mal. Mesmo quando tem pouca bola, normalmente sabe o que fazer com ela. Mais uma vez, os colegas não conseguiram servi-lo em condições, mas o holandês não pode ser acusado de idêntica falta de gentileza: assistiu Elias no golo e deixou André na cara de Bruno Varela. Olhando para a falta de resultados práticos do atual sistema de jogo, mastigado e de nula objetividade, parece-me óbvio que a equipa tem que ser construída à volta de Dost e não o oposto. Por exemplo, não vejo o que ganha o Sporting, no atual estado do seu futebol, em exigir a Bas Dost que participe tanto na construção a 40 metros da baliza. Está na altura de Jesus se render às evidências.
Os elementos neutros que não o deviam ser - hesitei em decidir como começar os pontos negativos, se com este, ou com o outro que se segue. Decidi-me por este porque é o único em que estamos efetivamente dependentes de nós próprios. A equipa não jogou nada. É um deserto de ideias. Não houve quem criasse movimentos de rutura. Não houve quem cruzasse com qualidade. Não houve quem fizesse combinações capazes de furar as linhas do V. Setúbal. Não houve quem soubesse finalizar de forma minimamente decente. Não houve quem conseguisse segurar o jogo no final, numa altura em que V. Setúbal já nem sequer tinha forças para pressionar. Foram todos igualmente maus? Não, obviamente, mas quando há vários jogadores em tão má forma, acabam por não facilitar a vida dos restantes. Em relação ao onze inicial, compreendo que Jorge Jesus tenha querido gerir a equipa, mas não é admissível que, depois do investimento feito, haja tão pouco futebol para mostrar.
Foto: Global Imagens / Filipe Amorim |
Duas questões que não podem ser escamoteadas mutuamente. Primeiro: o Sporting tem a obrigação de jogar muito mais à bola. Segundo, mas não menos importante que o primeiro: a arbitragem foi tomada de assalto pelo Benfica, com um quadro de árbitros criados em aviário, e estamos a caminho de assistir a vergonhas idênticas ao que se viu nos anos 90 e 00 com o Porto. A diferença em relação aos tempos áureos do Porto é que, desta vez, a comunicação social vai tentar branquear tudo, o que acaba por dar um sentido de impunidade superior ao que havia no reinado anterior.