Numa época em que, no que diz respeito a objetivos, resta pouco mais do que ver até que ponto Bas Dost conseguirá incomodar Messi na tabela dos melhores marcadores europeus, o adepto sportinguista só pede que lhe continuem a dar motivos para continuar a seguir com interesse os jogos que faltam: futebol bem jogado, de preferência recorrendo aos miúdos - já com a próxima época em mente -, e que se proporcione ao holandês tantas oportunidades para marcar quanto possível.
Nesse sentido, o final de tarde de ontem acabou por ser bastante agradável. Num bom jogo de futebol que teve incerteza no resultado até ao fim, o Sporting realizou uma exibição bastante interessante, alimentada pela genialidade dos meninos Gelson e Podence e pelo killer instinct do inevitável Dost.
Dost, Dost, Dost - três golos do holandês que valeram mais três pontos. O primeiro de penálti, os outros dois de cabeça após cruzamentos dos laterais. Já vai com 31 golos em 28 jogos (para o campeonato), com uma média de um golo marcado a cada 78 minutos. Destacadamente o melhor e mais influente jogador desta edição da liga, mas, como estamos em Portugal, já se sabe que os responsáveis pela atribuição dos prémios individuais irão arranjar formas criativas de não lhe atribuir essa distinção.
Gelson, enquanto teve pulmões - o menino fez uma primeira parte fantástica, conseguindo aparecer por diversas vezes nas costas da defesa bracarense. Esteve perto de marcar por duas vezes logo no princípio, mas Marafona opôs-se bem em ambas as ocasiões. A primeira meia-hora de jogo foi toda sua: não só foi capaz de dar quase sempre boa sequência às jogadas, como também parece ter havido uma espécie de falta de comparência dos seus companheiros da frente. Na segunda parte sofreu o penálti que deu o empate. As pilhas gastaram-se por volta dos 60', mas, globalmente, teve uma exibição muito positiva.
A entrada de Podence - aconteceu pelos piores motivos (lesão - que parece grave - de Alan Ruiz), mas veio mexer com o jogo do Sporting. A equipa deixou de precisar de recorrer apenas a Gelson para gerar desequilíbrios. Enquanto Alan Ruiz esteve pouco interventivo e quase sempre lento a definir, Podence deu-se muito mais ao jogo, recebendo inúmeras vezes a bola entre linhas e atacando de imediato a defensiva adversária de forma destemida e esclarecida. Dois minutos depois de entrar sofreu o penálti que Adrien desperdiçaria, dando o mote para uma excelente exibição. Na minha opinião, Podence já fez o suficiente para ser titular - seja no apoio a Dost, ou na esquerda.
Jogo entretido - a história do jogo teve duas partes bastante distintas. Nos primeiros 45 minutos, o Sporting dominou a partida perante um Braga completamente fechado no seu meio-campo e a colocar as fichas todas no contra-ataque, mas o resultado ao intervalo não poderia ser mais enganador: o Braga marcou por duas vezes nas duas oportunidades de que dispôs (um desses golos foi bem anulado), enquanto o Sporting teimava em não acertar na baliza - nem sequer de penálti. Na segunda parte, a história foi diferente. O Sporting empatou poucos minutos após o regresso dos balneários e, a partir daí, o Braga começou a tentar (efetivamente) discutir o jogo pelo jogo. Nos últimos quinze minutos, fase em que o jogo estava muito mais partido, a eficácia de Dost acabou por fazer a diferença e colocou justiça no resultado. Bela partida de futebol em que ganhou a melhor equipa no relvado.
A enorme quantidade de golos sofridos - com os dois golos sofridos hoje, o Sporting aumentou para 30 o número de tentos concedidos aos adversários. Um número demasiado grande para qualquer clube que ambicione lutar pelo título. Os problemas estão diagnosticados, mas falta a matéria-prima. Mais uma vez, como em tantas outras ocasiões ao longo da época, os golos surgiram a partir de investidas pelo nosso flanco esquerdo - o que não quer dizer que, no caso de ontem, a responsabilidade seja do lateral. No primeiro, Adrien e Paulo Oliveira não se entenderam em qual deles deveria fazer a contenção a Battaglia (Zeegelaar estava a meio do meio-campo, a transmissão não mostrou por que motivo não estava a acompanhar a incursão do adversário), e no segundo Paulo Oliveira vê.se sem apoio perante Pedro Santos (onde estava Adrien?) e acaba por ter azar na forma como a bola lhe passa entre as pernas. Tudo está bem quando marcamos mais golos do que sofremos, mas nem sempre o ataque consegue compensar as insuficiências da defesa, como se tem visto esta época. O que é facto é que enquanto a nossa produção ofensiva está ao nível das de Benfica e Porto, a defesa tem estado muito mais permeável: sofremos o dobro dos golos dos nossos rivais.
A insistência em Bryan - à semelhança do que aconteceu no dérbi da semana passada, Jesus voltou a mexer mal no jogo. É verdade que a substituição de Podence resultou, mas foi forçada. Bem pior esteve na substituição seguinte. Podia ter tirado Gelson - nitidamente em dificuldades - para meter Geraldes, por exemplo, mas decidiu-se pela substituição da praxe: tirou Bruno César e colocou Bryan Ruiz. O costa-riquenho teve uma exibição na linha do que têm sido as dos últimos meses: enormes dificuldades em contribuir para a produção ofensiva da equipa. Segundo dados da Goalpoint, aos 90', Bryan Ruiz tinha tocado 8 vezes na bola... e perdeu-a 5 vezes. Uma insistência que não se entende. Se o Sporting ganhou o jogo, não foi graças à ação de Jesus no banco.
Sexta vitória consecutiva fora de portas. Segue-se um Sporting - Belenenses à hora de almoço, com duas baixas garantidas e uma terceira quase certa: Gelson e Podence, suspensos por terem atingido o 5º amarelo, e, muito provavelmente, Alan Ruiz por lesão. Jesus será obrigado a fazer mudanças profundas no apoio a Dost. Confesso que gostaria de ver Matheus, Dala e Francisco Geraldes no onze, mas como não sou ingénuo já me estou a mentalizar para ver Bruno César, Bryan Ruiz e Joel Campbell...