Continuo firme na minha intenção de não ver lixo televisivo, mas chamaram-me a atenção para uma coisa que é demasiado boa (ou má) para não merecer uma referência.
Como é sabido, César Boaventura (o César das malas, conforme ficou conhecido após ter enfiado a carapuça perante insinuações feitas por Francisco J. Marques relativamente à existência de aliciamento de adversários do Benfica) tem estado particularmente ativo nas redes sociais nos últimos tempos, fazendo a sua defesa e contra-atacando acusando o Porto de cometer ilícitos da mesma natureza daqueles que lhe foram atribuídos. Em causa, estão alegados facilitismos de jogadores em partidas contra o Porto.
Concedendo que se trata de uma pessoa de quem dizem ser especialista no tema em apreço, estas acusações carecem, até ver, de algo mais que consubstancie os ilícitos relatados, ao contrário das acusações que anteriormente foram dirigidas pelo Porto a César Boaventura: o facto de ter acusado o toque perante uma insinuação que apenas mencionava um tal de "César" não abona muito a seu favor, acrescido do facto de a PJ encontrar-se efetivamente a investigar alegados subornos a jogadores para facilitarem vitórias do Benfica, com base em dados encontrados em telemóveis e testemunhos de jogadores.
Voltando às acusações de César, o assunto foi ontem pormenorizadamente abordado por Rui Pedro Braz no MaisTabaco. Ora vejam, e tentem ver se apanham alguma diferença em relação ao seu habitual discurso de quando é o Benfica a ser acusado:
Como certamente tiveram oportunidade de reparar, não houve direito ao discurso das "mãos cheias de nada". Apesar de não existir qualquer dado concreto, apesar de as acusações estarem a ser feitas por alguém cuja credibilidade está na lama, há aqui toda uma tentativa de argumentação de quem está realmente interessado em alimentar a história: "a manifestar-se disponível para ser ouvido pela Polícia Judiciária, não deixa surpreendente como César Boaventura quase que pede para ser ouvido pela Polícia Judiciária, aliás, quem observa todo este processo não pode deixar de ficar alheio a essa leitura, a ideia com que ficamos é que César Boaventura está a fazer tudo isto para ser ouvido pela Polícia Judiciária".
Não estou a dizer que estas acusações têm ou não têm razão de ser. Simplesmente constato a forma diferente como estas acusações foram recebidas e avaliadas por Rui Pedro Braz em relação às muitas outras acusações feitas contra o Benfica ao longo do último ano, bem melhor fundamentadas e suportadas por material concreto.
Terminar com "até ver, a credibilidade de César Boaventura não merece contestação", depois de tudo aquilo de que se tem falado, só dá mesmo vontade de rir. Mas perante esta defesa da reputação, admito que deve haver uma coisa em que eu e o comentador da TVI24 estaremos de acordo: a credibilidade de Boaventura e a credibilidade de Braz estão, nas respetivas áreas de atividade, exatamente ao mesmo nível.